O Anuário da Cachaça 2004, lançado nesta semana, prova uma tese que muita gente já suspeitava: Minas Gerais domina a produção da bebida no país. O estado é endereço de 41,4% das cachaçarias do Brasil.
Em 2023, Minas teve um crescimento de 7,7% nos estabelecimentos registrados, alcançando a marca de 504 cachaçarias — no Brasil, são 1.217.
“O Brasil é a bola da vez para produtos de qualidade. Vamos trabalhar para fazer da cachaça, cada vez mais, um orgulho brasileiro”, diz o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro
Em relação ao crescimento da produção, São Paulo, com 11 novas cachaçarias, e Paraná, com dez estabelecimentos abertos em 2023, também se destacam. Estes números representaram um crescimento de 7,0% e 37,0%, respectivamente.
Por região, o Sudeste, com 819 estabelecimentos, possui o maior número de cachaçarias registradas, concentrando 67,3% do total do país.
Os dados “são animadores” para o presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça, Carlos Lima. Ele diz que a produção de cachaça mostra a resiliência e a relevância de micro e pequenos produtores.
O Anuário da Cachaça 2024 é uma iniciativa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ANPAQ e GS1 Brasil.
Dos Brejos da Barra para o mundo: agricultores do Oeste da Bahia se preparam para exportar cachaça
A história da cachaça começou no século XV, no Brasil, mais precisamente em Salvador, capital da Bahia, em 1520, por Diogo Álvares Correia, mais conhecido como Caramuru. Ele foi um dos primeiros portugueses a se estabelecer na Bahia. É considerado “pai biológico” do Brasil devido ao seu casamento com uma índia da tribo Tupinambá chamada Paraguaçu.
Durante a colonização portuguesa, a criação da bebida inicialmente se deu por meio da destilação do melaço não cristalizado, e depois passou a ser produzida do próprio caldo da cana-de-açúcar. A produção dessa aguardente foi uma forma de reaproveitar o melaço que não se cristalizava.
A cachaça era uma bebida muito utilizada na alimentação dos escravizados, sendo também consumida pelas camadas mais pobres da sociedade colonial. Essa aguardente era usada como mercadoria para escambo nos mercados de escravos na África. Portugal chegou a proibir a produção de cachaça no século XVII, por sua tamanha popularidade.”
Cachaça Brejos da Barra 1520
O sistema de produção de cana de açúcar no município de Barra, no território de Identidade Velho Chico, oeste da Bahia, possui instalações da unidade de beneficiamento de cana-de-açúcar e derivados, (açúcar mascavo, melado, cachaça, rapadura e doces), que foi construída na localidade de Brejo da Cachoeira. A região possui 30 brejos, de águas límpidas e toda produção de cana é orgânica, protegendo e conservando o meio ambiente.
A atividade em Barra conta com 1.500 produtores e envolve diretamente 9 mil famílias. No município estão instalados 1.209 alambiques, produzindo cachaça de boa qualidade, mas que enfrentaram no passado problemas de comercialização.
Uma garrafa de saquê, a cachaça dos orientais, pode custar US$ 1,100 (R$ 5.597). A Cachaça Brejos da Barra será um produto para exportação, no valor de US$ 100 (R$ 559), ou 10% do valor da bebida na China.