A pouco mais de um mês das eleições, a distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) caiu de 11 para 8 pontos percentuais, segundo a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA divulgada nesta quinta-feira (25). É a primeira sondagem com os candidatos definidos após o registro feito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em uma pergunta estimulada, com os nomes apresentados previamente, Lula tem 44% das intenções de voto, mesmo número registrado na pesquisa feita há um mês. Já Bolsonaro saiu de 33% para 36%. O aumento está no limite da margem de erro da pesquisa, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Na série histórica da pesquisa, a maior distância entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno foi registrada em janeiro deste ano, quando estava em 17 pontos. O petista conseguiu crescer neste período, de 41% em janeiro, para os 44% agora. Bolsonaro, candidato à reeleição, também cresceu, mas em um salto maior, de 12 pontos percentuais – saiu de 24% no começo do ano.
Ainda na simulação de primeiro turno, Ciro Gomes (PDT) aparece com 9%, e Simone Tebet (MDB), 4%. Os demais candidatos fizeram 1% ou não pontuam. Brancos e Nulos somam 2%, e aqueles eleitores que dizem que não sabem são 3%.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, avalia que a redução consistente da distância entre Lula e Bolsonaro ocorreu muito por conta de uma maior definição dos candidatos. Com isso, houve uma acomodação dos eleitores que diziam não saber em quem votar – eles somavam 12% no fim do ano passado.
Uma terceira questão foi a desistência de outros nomes mais bem posicionados, como o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), e do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Isso reflete o grau de consolidação de voto e uma grande definição neste momento da eleição. O Bolsonaro tem duas frentes de potencial crescimento: o primeiro é consolidar e acomodar o sentimento antipetista, o segundo é que ele precisa convencer eleitores que votaram nele em 2018. Esses eleitores estão espalhados entre indecisos, Ciro Gomes e também entre os eleitores do Lula”, diz.
Em uma pergunta espontânea, sem que o entrevistado receba uma lista, Lula tem 33% das intenções de voto, e Bolsonaro, 30%. Há um mês, o petista tinha 36%, e o atual presidente os mesmos 30%. Nesta pesquisa de agosto, Ciro Gomes tem 3%, e Simone Tebet, 2%. Os que não sabem somam 24%.
Para Maurício Moura, os números começam a indicar a resposta para uma pergunta feita frequentemente sobre as eleições presidenciais de 2022: se há espaço para resolver a eleição ainda no primeiro turno.
“Olhando a dinâmica dos votos de Ciro Gomes e de Simone Tebet, que são a terceira e a quarta posição, aumenta muito a probabilidade de haver um segundo turno. Os dois têm demonstrado pouco crescimento ao longo do histórico e um grau de resiliência suficiente para que os votos deles definam a ocorrência de um segundo turno”, opina o fundador do IDEIA.
Segundo turno entre Lula e Bolsonaro: estável
A simulação de segundo turno entre Lula e Bolsonaro ficou estável, se comparado com a última pesquisa. O petista tem 49%, ante 47% em julho. O atual ocupante do Palácio do Planalto pontuou 40%, e há um mês tinha 37%. Os dois crescimentos estão dentro da margem de erro da pesquisa.
EXAME/IDEIA ainda testou outros quatro cenários de segundo turno. Lula venceria Tebet (46% X 26%), e Ciro Gomes (43% X 31%). Bolsonaro seria vitorioso em uma disputa contra Ciro Gomes (38% X 34%), e também contra Tebet (40% X 25%).
Auxílio emergencial e queda nos combustíveis
A pesquisa EXAME/IDEIA desta quinta-feira é a primeira depois do início do pagamento da chamada PEC dos Benefícios, aprovada em julho pelo Congresso Nacional. O projeto, de autoria do poder Executivo, criou e ampliou benefícios sociais em ano eleitoral. O Auxílio Brasil passou de 400 reais para 600 reais, e o governo ainda criou um voucher caminhoneiro, além de auxílio a taxistas. As medidas são válidas até o fim do ano.
Havia uma expectativa de que esses benefícios mudassem o cenário eleitoral, em favor do presidente Jair Bolsonaro. Os números mostram que não houve crescimento das intenções de voto nas classes D e E no candidato à reeleição, mantendo os 28% registrados em julho. Lula saiu de 56% para 54% da preferência desta parcela de eleitores, mais sensíveis a benefícios sociais.
Também havia uma esperança de que a queda dos combustíveis também fosse revertida em intenções de voto. A gasolina caiu 17% em julho, após o Congresso aprovar um teto de 17% para a cobrança sobre o ICMS, imposto de responsabilidade dos estados. Na avaliação de Maurício Moura, essa queda surtiu mais efeito entre os eleitores que já declaravam votos a Bolsonaro.
“O auxílio, principalmente na classe C do Sudeste, onde Bolsonaro precisa recuperar esses votos de 2018 que perdeu, não surtiu efeito. A questão da queda do valor dos combustíveis foi muito mais para o grupo onde o presidente já tinha boa avaliação e, portanto, boa intenção de voto. Então foi algo meio endógeno”, diz Moura.
Rejeição
Uma das variáveis que é preciso ser considerada em uma eleição é a taxa de rejeição. De acordo com a EXAME/IDEIA, Bolsonaro tem um número maior em relação aos demais candidatos à Presidência (veja mais abaixo). Maurício Moura avalia que é necessário ficar de olho na rejeição. Segundo ele, é isso que deve definir um vencedor nessas eleições.
“O saldo da avaliação do governo do Bolsonaro ainda é deficitário. E esse resultado tem impacto obviamente no potencial eleitoral dele. O teto de rejeição é maior do que o do ex-presidente Lula. Dessa maneira, continuo acreditando que vai ganhar quem tiver uma rejeição menor”, afirma.
Em relação à pesquisa de julho, houve uma variação na rejeição de Lula e Bolsonaro dentro da margem de erro. O ex-presidente estava com 42% de pessoas dizendo que não votariam de jeito nenhum nele, ante 45% do candidato à reeleição. Em fevereiro, Bolsonaro era rejeitado por 47% do eleitorado, e Lula por 37%.