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Colagem com imagens dos candidatos ao Governo de Pernambuco: Marília Arraes, Raquel Lyra e Anderson Ferreira em cima; Miguel Coelho e Danilo Cabral embaixo - @Marília Arraes no Facebook, Divulgação/PSDB, Divulgação/PL e Reprodução/UOL
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segunda-feira 22 de agosto de 2022 às 06:37h

Pernambuco terá eleição com 5 candidatos fortes ligados a clãs familiares

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Com cinco palanques competitivos na disputa sucessória pelo governo estadual, a eleição em Pernambuco será inédita, centrada em candidatos com raízes familiares na política e com o PSB enfrentando ex-aliados.

A fragmentação aumenta a possibilidade de acordo com José Matheus Santos, da Folha de São Paulo, que ocorra um segundo turno na disputa pela sucessão de Paulo Câmara (PSB), algo que não acontece desde 2006, quando Eduardo Campos (1965-2014) venceu a eleição, abrindo caminho para 16 anos de hegemonia da legenda.

Marília Arraes (Solidariedade), Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (União Brasil), Anderson Ferreira (PL) e Danilo Cabral (PSB) são os cinco primeiros colocados nas pesquisas. A ordem se alterna a depender dos institutos, com apenas a primeira colocada nítida nos levantamentos.

Líder nas pesquisas, Marília trava uma batalha pelos votos lulistas com Danilo Cabral. Apesar de o candidato do PSB ser apoiado oficialmente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a neta do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005) usa a imagem do ex-presidente nos palanques e lembra os vínculos com o PT, partido ao qual foi filiada por seis anos.

Depois de rejeitar a proposta do PT de disputar o Senado aliada ao PSB, Marília lançou sua candidatura a governadora em março, após migrar para o Solidariedade, que integra a coligação de Lula. Atraiu, desde então, Avante e PSD, que estavam na base do governo Paulo Câmara.

No campo governista, o PSB prepara uma ofensiva contra Marília a partir do início da propaganda de rádio e TV, no dia 26. A sigla questionará a atuação parlamentar de Marília e suas alianças políticas, além de colocar em xeque a lealdade da candidata à história do avô.

Prevendo o embate que está por vir, Marília tem feito acenos a eleitores conservadores na tentativa de consolidar a liderança mesmo com eventuais perdas de votos após o início dos ataques do PSB, seu antigo partido, ao qual faz oposição desde 2014. Recentemente, ela se posicionou contra o aborto e criticou a linguagem neutra.

Após fazer uma campanha baseada no antipetismo contra Marília no segundo turno da disputa pela Prefeitura do Recife em 2020, o PSB deu uma guinada. Agora, a principal estratégia para alavancar a campanha de Danilo Cabral é associá-lo a Lula, inclusive com a música principal da campanha sendo batizada de “Danilula”.

Mesmo sendo apoiado por Lula, Danilo é questionado por militantes do PT. Em ato com o ex-presidente em julho, parte dos apoiadores do petista fez coro por Marília, causando desconforto no PSB.

Uma vitória de Danilo é tida como essencial nos bastidores para os planos do PSB em 2026. Com apoio da máquina do governo, o partido acredita que o caminho será mais fácil para João Campos ser eleito governador.

Uma ala do partido defende que, mesmo se Danilo vencer, não seja candidato à reeleição, abrindo espaço para um dos filhos do ex-governador Eduardo Campos, que não podia ser candidato neste ano por não ter 30 anos, a idade mínima para chefiar Executivos estaduais.

Danilo é filho do ex-deputado estadual Adalberto Cabral e é de confiança da família Campos, influente no PSB.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Anderson Ferreira (PL) busca se vincular ao presidente para se consolidar com uma das vagas ao segundo turno. O candidato bolsonarista é integrante de uma família de políticos ligada ao segmento evangélico.

Anderson foi prefeito de Jaboatão dos Guararapes, segunda maior cidade de Pernambuco, de 2017 a março de 2022. Nos últimos anos, esteve na oposição ao PSB no estado. No governo de Eduardo Campos, foi aliado do partido.

Sem elo

Os outros dois candidatos competitivos, Raquel Lyra e Miguel Coelho, procuram se desvincular da eleição nacional, mesmo com apoios declarados a candidatos alternativos à polarização Lula-Bolsonaro. Eles foram prefeitos de Caruaru e Petrolina, respectivamente, de 2017 a 2022. As duas cidades são as maiores do interior.

Miguel espera crescer nas pesquisas após a propaganda eleitoral de rádio e TV. Ele terá o maior tempo das oposições e espera, com isso, superar o desconhecimento nas regiões fora do Sertão.

Ele também é o mais apoiado entre os candidatos de oposição ao PSB por prefeitos, a maioria em municípios de médio e pequeno porte do interior.

O pai de Miguel, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), foi líder do governo Bolsonaro por três anos. Mesmo assim, o candidato tem evitado menções ao presidente, que possui elevada rejeição no estado. Miguel diz que fará campanha para Soraya Thronicke para presidente.

Ainda assim, tem recebido apoio de políticos bolsonaristas refratários a Anderson Ferreira. Com isso, tenta capitalizar também votos ligados a Bolsonaro.

A postulação do ex-prefeito de Petrolina é vista nos bastidores com restrições pelo presidente da União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), apesar dos discursos de unidade partidária. O parlamentar tem boa relação com o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, João Campos.

Assim como Miguel, Raquel Lyra tenta ampliar o grau de conhecimento no Grande Recife. Para isso, aposta na candidata a vice, a deputada estadual Priscila Krause, que tem penetração no eleitorado da região metropolitana.

Além disso, elas formam a única chapa feminina competitiva para governo e vice, num aceno às mulheres, que formam 54% do eleitorado pernambucano. Elas apoiam Simone Tebet (MDB) no plano nacional.

Para disputar votos com Miguel no Sertão, Raquel apoia como candidato ao Senado o primo dele, o empresário Guilherme Coelho, também ex-prefeito de Petrolina.

Raquel é filha do ex-governador João Lyra Neto, que foi vice de Eduardo Campos. Ela deixou o PSB após o partido não apoiar sua intenção de ser candidata a prefeita de Caruaru em 2016. Foi para o PSDB e venceu o pleito.

Para a cientista política Priscila Lapa, o fato de os opositores já terem tido passagem pelo palanque do PSB foi provocado pela redução da capacidade de aglutinação do partido e pela busca dos outrora aliados de ocupar novos espaços de poder.

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