Algumas importantes empresas de tecnologia chinesa como Tencent, Alibaba e a ByteDance, proprietária do Tiktok, entregaram detalhes de algoritmos usados em seus produtos a um regulador estadual. O gesto inédito faz parte da tentativa de Pequim de controlar o setor, anunciou o regulador.
De acordo com uma lei aprovada em março, as empresas devem garantir ao regulador chinês que seus algoritmos se enquadrem dentro do marco regulatório.
“No momento as autoridades não pediram explicitamente para que as empresas modifiquem seus algoritmos”, Angela Zhang, especialista em direito chinês na Universidade de Hong Kong, explica à AFP.
“Os reguladores, no momento, estão coletando informações”, acrescenta Zhang.
Por outro lado, a Admnistração do Ciberespaço da China publicou pela primeira vez na sexta-feira (12) detalhes do uso de seus algoritmos pelas empresas de tecnologia.
O líder do comércio online Alibaba recomenda, por exemplo, novos produtos com base no histórico de pesquisa e navegação dos usuários.
A Douyin, versão do aplicativo do TikTok para o mercado chinês, faz recomendações a partir do tempo que as pessoas gastam em cada conteúdo.
Com essas ferramentas é possível analisar grandes quantidades de dados sobre um usuário e automatizar recomendações de acordo com suas práticas ou hábitos.
Os algoritmos, base da economia digital, servem de motor para grande parte dos aplicativos e serviços da internet, razão pela qual as empresas tendem a mantê-los em segredo.
Diante dessa opacidade de informações, as autoridades buscam redefinir a legislação de algoritmos.
Há dois anos, as autoridades chinesas têm sido particularmente intransigentes com o setor de empresas de tecnologia, que monitoram por meio de práticas até então amplas.
Várias grandes empresas foram multadas por abusos em termos de proteção de dados pessoais, concorrência e direito dos usuários.
No mês passado, a empresa Didi, líder em veículos com motoristas (VTC), foi multada em 1,215 bilhão de dólares por violar as regras de proteção de dados.