Pela quarta semana consecutiva, o Conselho de Segurança da ONU encerrou a sessão nesta segunda-feira (30) sem chegar a uma resolução diplomática para a guerra entre Israel e o Hamas, que teve início do dia 7 deste mês. A reunião emergencial, convocada a pedido das delegações de Emirados Árabes Unidos e da China, ocorre após a Assembleia Geral aprovar documento que pede o cessar-fogo imediato para facilitar a entrada de ajuda humanitária.
A resolução votada, porém, é de caráter recomendatório — ou seja, as partes não têm a obrigação de seguir o que foi definido. Por ser o único órgão da ONU cujas decisões são vinculativas, há mais peso para o que for discutido dentro do Conselho de Segurança. No entanto, o colegiado, composto por 15 delegações, enfrentou impasses na votação de quatro resoluções apresentadas por Rússia, Brasil e Estados Unidos. Em todas as ocasiões, pelo menos um dos países com assento permanente vetou o texto — prerrogativa de EUA, Rússia, China, Reino Unido e França.
Diante disso, o embaixador palestino na Organização das Nações Unidas (ONU), Riyad Mansour, apelou por uma atuação efetiva dentro do Conselho de Segurança em favor de um cessar-fogo do conflito e para a aplicação efetiva da solução de dois Estados, respeitando as fronteiras previstas nos acordos de 1967.
— Onze de vocês votaram a favor da resolução. Três se abstiveram e um foi contrário. Se vocês votaram esse texto lá, o que os impede de votar no Conselho de Segurança? — questiona o representante palestino. — Vocês são o Conselho de Segurança. Vão continuar paralisados ou vão agir? Solução de dois Estados? Nós aceitamos. Agora, quem vai implementar? Quem está impedindo vocês de implementar isso?
Contrário à resolução votada na última sexta, o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, e sua equipe passaram a usar estrelas de Davi amarelas coladas nas roupas. O símbolo foi usado durante o regime nazista para identificar judeus na Alemanha e em outros países aliados ao Eixo no contexto da Segunda Guerra Mundial. Erdan afirmou que o ícone seria usado “com orgulho” enquanto não houvesse a condenação dos ataques do Hamas contra a população israelense e a liberação imediata dos reféns.
A posição israelense também é apoiada pelos Estados Unidos, que vetou resoluções favoráveis a um cessar-fogo, no Conselho de Segurança, e também foi contrário ao texto aprovado na Assembleia Geral. A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Tomas-Greenfield, criticou a redação votada por não incluir uma condenação aos ataques do Hamas, que constava em uma emenda sugerida pelo Canadá que não passou na Assembleia Geral. Ela chamou a postura do colegiado de “ultrajante”.
Depois, o embaixador russo no colegiado, Vasily Nebenzya, alfinetou a delegação americana sobre o veto a resoluções que previam um cessar-fogo no confronto, que não foi respondido:
— Eu gostaria de fazer uma perguntar à representante dos Estados Unidos: posso saber por qual motivo se opôs a um cessar-fogo? Isso significa que os Estados Unidos, enquanto integrante deste colegiado, apoia a retaliação em massa em Gaza? Por que só tem compaixão pelas vidas de quem mora no continente europeu, e não usa o mesmo tratamento para outras vidas?