O Parlamento da Espanha reelegeu o primeiro-ministro Pedro Sánchez, após meses de incerteza política e protestos generalizados após o político de centro-esquerda ter prometido uma anistia aos separatistas catalães em troca de apoio ao novo governo.
Sánchez obteve 179 votos nesta quinta-feira (16), ultrapassando por pouco os 176 necessários para obter a maioria na câmara baixa do Parlamento. Os sete separatistas conservadores catalães do partido Juntos pela Catalunha, que apoiaram Sánchez e o seu parceiro de coligação de esquerda, Sumar, foram suficientes para selar a vitória.
Uma eleição antecipada em julho, convocada por Sánchez após o fraco desempenho da sua coligação nas eleições locais e regionais, teve resultado inconclusivo. O Partido Socialista, governista, obteve 32% dos votos e 121 assentos, se tornando o segundo maior partido atrás do Partido Popular (PP) de centro-direita, que obteve 33% e 137 assentos. O PP esperava governar com o seu aliado Vox, um partido nacionalista de extrema-direita e anti-imigração, mas o mau resultado do Vox deixou a dupla sem maioria.
Sánchez, que é primeiro-ministro desde 2018, lidera um governo provisório desde as eleições de julho. A Espanha teria de realizar novas eleições se nenhum partido tivesse conseguido formar governo até 26 de novembro.
Protestos de rua surgiram na Espanha no início deste mês, depois de Sánchez indicar que poderia chegar a um acordo com os catalães. As manifestações aumentaram na semana passada, com alguns se tornando violentos, depois de Sánchez ter anunciado que um acordo tinha sido alcançado. A anistia dos catalães vem provocando uma oposição considerável por parte de líderes partidários de todo o espectro político e de alguns juízes que argumentam que a anistia é inconstitucional.
Se os tribunais decidirem que a anistia é inconstitucional, os sete parlamentares do Juntos pela Catalunha teriam de decidir se continuam a apoiar Sánchez. “Provavelmente a maioria parlamentar desapareceria e governar se tornaria muito difícil no curto prazo”, disse Lluis Orriols, analista político e professor da Universidade Carlos III de Madrid.
Cerca de 400 pessoas envolvidas no referendo ilegal da Catalunha em 2017 sobre a independência da Espanha, bem como em movimentos de independência anteriores, foram beneficiados com a anistia, incluindo muitos que cumprem penas de prisão e que agora deverão ser libertados, segundo estimativas do governo. Entre os que deverão receber anistia está Carles Puigdemont, o ex-líder do Juntos pela Catalunha que liderou o esforço para realizar o referendo e vive exilado na Bélgica.