Responsável pela estratégia jurídica que devolveu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seus direitos políticos, Cristiano Zanin Martins afirma que o petista não desistirá de obter do governo brasileiro uma reparação, após a decisão da ONU de que seus direitos políticos foram desrespeitados nos processos da Operação Lava-Jato. Entrevistado desta semana do Amarelas On Air, programa de entrevistas da revista Veja, Zanin sugere um pedido público de desculpas. Mas não descarta que Lula busque outras formas de reparação no futuro.
“Um pedido de desculpas é um bom começo”, afirmou Zanin. Ao concluir que Lula teve seus direitos desrespeitados nos processos que nasceram da Operação Lava Jato, o Conselho de Direitos Humanos da ONU deu prazo de 180 dias para que o governo brasileiro conceda ao petista uma reparação. Ainda assim, o órgão não tem poder para obrigar o cumprimento da decisão.
Zanin lembrou que o Brasil é signatário de tratados que validam a decisão a favor de Lula. “Se o governo brasileiro não atender, não cumprir essa decisão, ele ficará mais uma vez inadimplente perante o cenário internacional. Então, eu espero que pelo menos algum conselheiro, algum assessor jurídico possa mostrar esse quadro ao governo, ao presidente Bolsonaro, para que a decisão seja cumprida.”
Zanin disse que, além disso, ainda cabe uma “reflexão” sobre outras reparações possíveis, já que Lula ficou preso por 580 dias e foi impedido de disputar a Presidência em 2018. Questionado sobre uma possível ação judicial ser movida por Lula contra a União ou mesmo contra o ex-ministro Sergio Moro, o advogado argumentou que esta é uma decisão que caberá ao próprio Lula. Mas o ex-presidente, segundo ele, hoje está concentrado em “questões do País” e não no seu próprio caso.
Crítico ferrenho da Operação Lava-Jato, Zanin diz não enxergar nada de positivo no legado da força-tarefa. Ao apontar vícios na origem dos processos, atribuídos a Moro e integrantes do Ministério Público, ele defende que o combate à corrupção não pode justificar o desrespeito à lei.
Com apresentação desta colunista, o Amarelas On Air inspirou-se nas tradicionais Páginas Amarelas, que estampam a edição impressa de VEJA. A cada semana, o programa recebe um novo convidado, sempre um nome relevante da cena política e econômica. A entrevista é feita por uma bancada composta de jornalistas de VEJA e convidados. A entrevista com Zanin contou com a presença de Caio Junqueira, analista de Política da CNN Brasil, e Ricardo Ferraz, editor de VEJA.
O Amarelas On Air é parte da estratégia digital de VEJA, que contempla a expansão da área de vídeo e de projetos multimídia. O programa estreou em setembro do ano passado e, desde então, recebeu grandes nomes da cena política e econômica do país. A entrevista será transmitida simultaneamente no YouTube, Facebook e Twitter. Também ganhará versões para Instagram e LinkedIn.