Segundo o deputado federal baiano Daniel Almeida, o PCdoB lançou um movimento que busca reunir novas lideranças políticas, mas que a legenda seguirá existindo com o mesmo nome, cor e siglas
Após especulações de que o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) mudaria de nome, cor e abriria mão do símbolo da foice e do martelo, deputados da sigla se manifestaram para desmentir os rumores.
Na manhã deste sábado (28), o #Acesse Política chegou a publicar sobre o assunto, mas no período da tarde, o PCdoB entrou na lista dos assuntos mais comentados do Twitter, após ser noticiado que a sigla adotaria como novo nome a expressão Movimento 65, em uma estratégia para obter mais votos nas próximas eleições. Também haveria a troca da cor vermelha pelas verde e amarela.
Conforme publicou o jornal Correio Brazilense, a notícia chegou a ser compartilhada até entre políticos, como os deputados federais Carlos Jordy (RJ), Carla Zambelli (SP) e Filipe Barros (PR), todos do PSL. “O PCdoB não vai mais usar o ‘comunista’ em seu nome nem a foice e o martelo e substituirão o vermelho pelo verde e amarelo. É a ideologia de gênero aplicada. Podem se travestir do que quiserem, na hora H a população saberá quem são e o que defendem”, comentou Barros pelo Twitter.
Desmentido
Com a repercussão nas redes sociais, os deputados do partido desmitiram as especulações. “O Movimento 65 é um movimento que reforça a identidade do partido e o número do partido, que é 65. Qualquer debate sobre mudança no programa, no estatudo da sigla, nos símbolos, qualquer coisa desse tipo, não está em debate no partido”, afirmou ao Correio o líder da legenda na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (BA).
Segundo ele, o Movimento 65 tem o objetivo de atrair lideranças políticas, não necessariamente ligadas ao partido, e, assim, fortalecer a esquerda e a identidade do PCdoB. “O movimento extrapola os limites do partido. São pessoas que têm identidade com a liderança do partido, estão no movimento social e se identificam. Então, decidimos lançar o movimento para dar mais espaço a elas”, explicou Almeida.
Em 1° de dezembro deste ano, o partido lançou um documento para líderes e apoiadores que informava sobre a criação do movimento. A ideia é tentar atrair novos apoiadores para as eleições municipais de 2020 e abrir uma frente contra o partido do presidente Jair Bolsonaro.
“O PCdoB, legenda quase centenária, com rico legado na construção do Brasil e do acervo de conquistas do povo, se põe em ação para participar ativamente das eleições de 2020 com uma face própria e renovada. Dispõe-se a construir um movimento eleitoral e cívico amplo, de caráter frentista — Movimento 65 —, um lugar para os lutadores e lutadoras das causas da classe trabalhadora e do povo, intelectuais e agentes culturais progressistas, líderes da sociedade civil. Todos(as) terão lugar no Movimento 65 para se candidatar nas eleições municipais de 2020”, diz a nota (veja na íntegra abaixo).
Nota do PCdoB na íntegra
A poesia de Carlos Drummond de Andrade proclamou, certa feita, que “as cidades podem vencer”. Muitas vezes o destino de um país depende da força e da resistência das cidades, da consciência e tomada de posição dos cidadãos e cidadãs.
Esta imagem bem se encaixa com as eleições municipais de 2020. Transcorrido praticamente um ano de governo Jair Bolsonaro, da extrema-direita, dele se pode afirmar resumidamente que se trata de um governo inimigo da democracia, carrasco do povo e traidor de nosso país.
Nesse ambiente, a partir das cidades, com as eleições municipais, poderá emergir um importante capítulo da resistência democrática, popular e patriótica.
Com esta visão, o PCdoB se dirige a seus filiados(as), militantes e amigos(as), eleitores(as), às forças progressistas, com a proposta de uma campanha que faça desembocar nas urnas a indignação e o rechaço do eleitorado à tragédia que tem sido o governo Bolsonaro.