quinta-feira 21 de novembro de 2024
Home / POLÍTICA / Paulo Guedes: “a cessão onerosa eu topei dividir se for aprovada a reforma”
quarta-feira 27 de março de 2019 às 07:59h

Paulo Guedes: “a cessão onerosa eu topei dividir se for aprovada a reforma”

POLÍTICA


Em reunião com os 27 governadores em Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a condicionar a divisão de recursos do leilão do excedente da cessão onerosa à aprovação da reforma da previdência. Segundo ele, a União não terá condições de dividir os recursos caso a reforma não seja aprovada antes.

“A cessão onerosa eu topei dividir se for aprovada a reforma. Se não for, eu estou tão quebrado quanto vocês e cada um que se cuide”, afirmou o ministro durante Fórum dos Governadores, realizado ontem (26).

O debate acerca da cessão onerosa dominou a maior parte da reunião. Enquanto governadores do Nordeste e do Espírito Santo questionavam o ministro sobre a possibilidade de repasses a estados e municípios e quanto ao eventual apoio do governo à votação do PLC 78/2018, que tramita no Senado, Guedes esteve o tempo todo resistente a dar uma declaração aberta de apoio ao texto.

O ministro afirmou que tem disposição de dividir com estados e municípios tanto os recursos dos bônus de assinatura quanto os royalties futuros da exploração na região da cessão onerosa – desde que o governo federal esteja seguindo no rumo de equilibrar as contas públicas. De acordo com o ministro, os recursos da cessão onerosa devem estar disponíveis em setembro ou outubro.

“Quando você divide os royalties futuros e o bônus é porque nós vamos dividir tudo. Agora, eu preciso da aprovação [da reforma da Previdência]. Sem a aprovação eu não posso dividir nada”, frisou.

Em um aparte à fala do ministro, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), afirmou que a imposição de condicionantes pelo governo não ajuda a conquistar o apoio de governadores para a votação da reforma no Congresso.

Governadores falam em judicialização

Renan Filho (MDB) afirmou que os governadores têm compromisso com o debate da reforma da Previdência, mas não concordam com condicionantes e frisou que não dividir os recursos da cessão onerosa com estados e municípios é desrespeitar a Constituição que determina a partilha de recursos de royalties de petróleo e gás natural.

Essa tese é defendida por outros estados, especialmente os não produtores, que querem rediscutir a distribuição de royalties. Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, afirmou que o governo federal precisa ter consciência de que a partilha dos recursos está prevista na Constituição.

Renan Filho foi o responsável por verbalizar uma oferta de acordo a Guedes. Lembrando a proposta do ministro de direcionar 70% do fundo social do pré-sal a estados e municípios, o governador reafirmou que os governantes estaduais gostariam que 30% dos recursos do bônus do excedente da cessão onerosa para estados e municípios. Essa é a proposta que já tramita no Senado no texto do PLC 78/2018, por meio de emendas apresentadas no fim do ano passado e que resultaram na paralisação do texto.

Para Guedes, debate hoje não se faz no Congresso

Interessado em fazer a mediação entre os colegas e o ministro, o anfitrião, governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), sugeriu um pacto para que o PLC 78/2018 caminhe simultaneamente à proposta da reforma da previdência no Congresso. Ao que Paulo Guedes respondeu que o tema não está nas mãos do Congresso.

“Só não posso falar de que é no Congresso Nacional porque hoje, constitucionalmente, é importante dizer, pelo parecer do Supremo, isso é um acordo entre partes: entre a União e a Petrobras”, disse antes de frisar que está disposto a continuar o diálogo com os governadores.

O ministro lembrou que defendeu a divisão dos recursos antes mesmo de tomar posse, ainda no final do ano passado em encontro com o então presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), e os próprios governadores eleitos.

Para governadores, é “toma lá, dá cá”

Esta foi a segunda edição do Fórum dos Governadores este ano. O foco principal do encontro era a tentativa do governo em buscar apoio dos líderes estaduais para a aprovação das reformas no Congresso. Para os governadores, no entanto, a reunião desta terça-feira não representou nenhum avanço sobre esse debate em relação ao primeiro encontro de fevereiro, quando a equipe de Paulo Guedes apresentou o texto da reforma da previdência aos governantes. A expectativa era que o ministro sinalizasse com contrapartidas concretas em busca do apoio à reforma, o que não ocorreu.

A decepção com o encontro ficou mais nítida nas palavras de governadores da oposição. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), afirmou ao Político que não concorda de maneira alguma que fosse condicionada a aprovação da cessão onerosa à aprovação da reforma. “Esse é um método inadequado que não podemos aceitar, é a chamada velha política do toma lá, dá cá”.

Para o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a expectativa era que o governo apresentasse “medidas de curto e médio prazo para a retomada do crescimento do país. O que não aconteceu”. O governador criticou a reunião e afirmou que “não é razoável o Governo determinar que só colocará em pauta votações importantes para os estados se a Reforma da Previdência for aprovada”.

Veja também

Débora Regis está na Europa conhecendo projetos para implantar em Lauro de Freitas

Os prefeitos das 14 cidades acima de 200 mil habitantes eleitos pelo União Brasil estão …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!