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sábado 27 de agosto de 2022 às 17:22h

Patrimônio de deputados cresceu seis vezes mais em média do que o de quem perdeu a eleição

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Além de garantir influência e poder, conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados faz bem para o bolso. Um levantamento feito pelo jornal O Globo com base no patrimônio declarado por mais de mil candidatos a deputado federal revela que aqueles que venceram a eleição em 2018 viram seu patrimônio crescer em média R$ 600 mil nesses quatro anos, enquanto os bens dos que disputaram e perderam aumentaram R$ 100 mil em média.

A comparação foi feita com base nas declarações de bens enviadas pelos políticos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem só levou em consideração candidatos que concorreram em 2018 e também vão disputar as eleições de outubro: ao todo, dos 10.481 postulantes à Câmara Federal deste ano, 1.183 deles estão se aventurando nas urnas pela segunda vez seguida.

Como os políticos que se elegem costumam ser mais ricos dos que os que saem derrotados das urnas, O Globo também comparou o enriquecimento do candidato eleito que recebeu o menor número de votos com aquele que obteve o maior número de votos entre os que ficaram de fora. Ou seja, trata-se de um paralelo entre o eleito com o pior resultado e o derrotado com o melhor desempenho, pois eles tendem a ter perfis mais semelhantes.

Mesmo nesse recorte, quem venceu a eleição para deputado ficou R$ 364 mil mais rico em quatro anos do que os que perderam. O método serve para evitar distorções que poderiam ser causadas pela comparação entre candidatos muito diferentes, como alguém que recebeu milhares de votos e outro que conquistou poucos.

O economista Cláudio Ferraz, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e da University of British Columbia, no Canadá, aponta que é praticamente impossível identificar a origem do aumento patrimonial das excelências.

— Mesmo com muitos parlamentares tendo negócios legais, é muito difícil distinguir o que é enriquecimento lícito e ilícito já que políticos podem se beneficiar de estar no poder de diferentes formas e muitas vezes benefícios indiretos são difíceis de quantificar — afirma Ferraz.

Os resultados obtidos pelo Globo reforçam estudos parecidos já realizados sobre o tema. Em 2019, Gabriel Cunha, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, analisou o crescimento patrimonial de postulantes a vereador e também identificou um enriquecimento maior entre os eleitos.

Segundo Cunha, a taxa de crescimento entre os vereadores eleitos era dez pontos percentuais maior do que entre os que perderam as eleições. Os dados apontam, entretanto, que boa parte desse avanço patrimonial, no caso das Câmaras Municipais, é explicado pelo acesso aos salários. Isso mostra que os postulantes à vereança muitas vezes têm renda inferior à de um vereador.

No caso do Congresso Nacional, cada deputado federal recebe um salário mensal de R$ 33 mil, além da verba de gabinete e outros benefícios. Portanto, se cada parlamentar da Câmara economizar algo perto de 10% do seu vencimento, R$ 3 mil por mês, por exemplo, conseguirá juntar R$ 144 mil no período de uma legislatura.

Outro ponto chama a atenção: quanto mais rico é o candidato, maiores são as chances de ele se eleger. O patrimônio médio, em 2018, dos candidatos que estão buscando a reeleição este ano, era de R$ 1,9 milhões, em comparação a R$ 676 mil dos não eleitos. Segundo uma pesquisa realizada por João Mourão, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, no final do ano passado, aponta que empresas de prefeitos cresceram 25% mais do que teriam se o seu dono tivesse perdido a eleição.

Cláudio Ferraz identificou que maiores salários costumam atrair vereadores mais qualificados, capazes de desempenhar um trabalho melhor.

— O ruim é se o poder permite que os políticos eleitos acumulem rendas que advêm não de sua atividade, mas de efeitos indiretos que o poder lhes dá. Isso pode ser corrupção, desvio de recursos com cargos, rachadinhas ou mesmo benefícios para seus negócios, por exemplo — afirma.

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