A safra de soja do Brasil em 2022/2023 deverá ficar acima das expectativas iniciais, em um novo recorde, com uma revisão para cima na expectativa de área plantada que mais do que compensou produtividades médias abaixo do esperado, de acordo com nova estimativa da consultoria Pátria AgroNegócios.
A produção brasileira da safra que está sendo plantada foi estimada em 148,90 milhões de toneladas, ante 146 milhões de toneladas de uma estimativa feita em maio, quando o setor ainda fazia planos para a nova temporada.
“O destaque fica para o reajuste de área em relação ao nosso último levantamento. A área era estimada em aumento de 2,8%, passando agora para crescimento total de 4,1%”, disse o diretor da consultoria Matheus Pereira, citando uma área total de 43,19 milhões de hectares.
Ele explicou que a área cresce acima da expectativa porque os custos dos insumos “caíram expressivamente nos últimos três meses, especialmente fertilizantes, voltando a dar fôlego nas margens projetadas para 22/23”.
Quando a estimativa inicial foi feita, os preços dos insumos estavam em alta, com impacto dos desdobramentos da guerra na Ucrânia.
Já a previsão da produtividade média da soja nacional sofreu reduções em relação ao último levantamento, saindo de 3.464 kg/ha para atuais 3.448 kg/ha”, em meio a um tempo seco em algumas regiões.
“A Pátria nota que as estimativas atuais de rendimento poderão sofrer novos cortes caso as previsões climáticas atuais sigam trazendo intempéries (chuva abaixo da média) ao Sul e Sudoeste do Brasil”, acrescentou ele.
Caso a projeção de produção se confirme, haverá aumento de 18,6% em relação a 2021, quando as lavouras sofreram com estiagem no Sul.
Plantio
Em relatório separado, a consultoria disse que o plantio da soja 2022/23 no Brasil atingiu 80,39% da área total até o momento, mantendo-se acima da média de 72,84% dos últimos cinco anos, mas distante do ritmo de semeadura registrado na mesma época de 2021, de 86,73%.
“O destaque da semana ficou para a intensa desaceleração da semeadura da soja no Brasil nos últimos sete dias, consequência da falta de umidade no Centro-Oeste do país, que impossibilitou a manutenção dos trabalhos de campo”, disse Pereira.
Mas, segundo ele, as chuvas voltaram nas últimas 48h-60h, oferecendo um melhor cenário para o próximo período.
As chuvas retornaram, mas “ainda não estão uniformes” em Mato Grosso, maior produtor da oleaginosa do Brasil, o que preocupa em momento em que a safra entra em fase crítica para a produtividade, afirmou à Reuters o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, nesta sexta-feira.