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terça-feira 24 de dezembro de 2019 às 12:03h

Partidos perdem mais de 1,1 milhão de filiados em 2019

DESTAQUE, POLÍTICA


Veja abaixo os cinco partidos que mais perderam filiados neste ano

Pela primeira vez desde 2010, os partidos políticos devem sair de um ano menores do que entraram. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam uma redução de 1,1 milhão de filiados a siglas, no período de dezembro de 2018 a novembro de 2019.

Conforme reportagem do Congresso em Foco, o número passou de 16.807.444 para 15.691.868, quantidade mais baixa em cinco anos. Os principais perdedores segundo publicação foram o MDB (-261.825), os extintos PRP (-250.417) e PHS (-215.096), o PP (-168.001) e o PDT (-130.321).

Partido 2018/dez 2019/nov Diferença %
MDB 2.392.485 2.130.660 -261.825 -10,94%
PRP 250.595 178 -250.417 -99,93%
PHS 215.218 122 -215.096 -99,94%
PP 1.444.626 1.276.625 -168.001 -11,63%
PDT 1.256.892 1.126.571 -130.321 -10,37%

O fenômeno ocorreu com a maioria das siglas. Das 35 listadas pelo TSE, 24 perderam filiados. Três delas – PRP, PHS e PPL – se fundiram com outras legendas, após não conseguir ultrapassar a cláusula de barreira. Com isso, o Patriota, o Podemos e o PCdoB ganharam força e fecharam o ano com crescimento.

Dos 11 partidos que saíram maiores que entraram, destacam-se nas primeiras posições o Patriota (+230.942) e o Podemos (+197.311), que passaram por fusões, o PSL (+107.406), o Psol (+34.257) e o PRB (+27.217).

Partido 2018/dez 2019/nov Diferença %
Patriota 80.019 310.961 230.942 288,61%
Podemos 167.160 364.471 197.311 118,04%
PSL 241.086 348.492 107.406 44,55%
Psol 150.130 184.387 34.257 22,82%
PRB 398.563 425.780 27.217 6,83%

Para o líder do Podemos no Senado,  Alvaro dias (PR), o aumento do partido está relacionado “à postura de uma ferramenta política à disposição da sociedade para efetivar mudanças”.”O que nós tentamos mostrar é que entre a extrema-direita e a extrema-esquerda tem vida inteligente”, disse.

Assim como o PCdoB e o Patriota, o Podemos também passou por fusão, mas foi o único partido dos três que recebeu mais filiados que o levado pelas outras siglas.

No caso do PCdoB, por exemplo, a ida dos filiados do PPL estancou uma pequena diminuição do partido. A sigla começou o ano com 397.239 e estava com 396.201 em agosto, quando houve o acréscimo dos partidários advindos da fusão. Com isso, a legenda terminou o ano com um crescimento de 16.403 filiados.

Doutor em Ciência Política e economista, Ricardo de João Braga explica que existe uma tendência mundial de diminuição de filiados a partidos políticos, por uma mudança de lógica democrática.

“A lógica é que os partidos hoje em dia são cada vez menos importantes para as ações políticas significativas do cidadão. Em algum momento já fez muito mais sentido ser de um partido político”, explica.

Ele afirma que a ideia de uma legenda é ser uma microestrutura democrática, mas isso não ocorre no Brasil. Na maioria dos casos, segundo Braga, as siglas são “estruturas burocráticas”, utilizadas para definir candidatos e destinação de verbas, “por isso elas são comandadas com mãos de ferros pelos caciques”.

Psol cresce junto com direita

Dos cinco partidos que mais cresceram em 2019, o único de esquerda é o Psol. Para o presidente da legenda, Juliano Medeiros, o papel de oposição não só ao governo Bolsonaro, mas também a partidos de centro-direita, ajuda a explicar esse aumento.

Ele acredita que, em um contexto de polarização, os partidos mais à direita ou à esquerda tendem a ganhar força, em detrimento de siglas de centro, e que não é “surpreendente” que haja um crescimento da direita, já que o partido que está no comando do Executivo nacional é dessa ideologia.

Questionado se o assassinato da vereadora Marielle Franco, correligionária do Psol, poderia ter auxiliado no processo de atração de novos filiados, Medeiros diz que a morte de Marielle colocou em evidência algumas das bandeiras do partido, como o empoderamento da mulher negra, o que teria feito muitas pessoas entrarem na política.

Apesar do crescimento neste ano, o Psol ainda é menor em número de filiados que outros partidos tradicionais de esquerda, como o PT (1.475.973), o PDT (1.126.571), o PSB (618.200) e o PCdoB (413.855).  Medeiros explica que a sigla que comanda é relativamente nova, com 15 anos, e que o processo de filiação à legenda possui critérios rígidos. Ele acredita, no entanto, que a tendência é que o Psol cresça como um representante da renovação da esquerda “mais arejada”.

Tradicionais em baixa

Partido que ganhou relevância em 2019, com a eleição dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além da nomeação de três filiados da legenda para exercer o cargo de ministro, o DEM também sofreu uma redução neste ano, perdendo 10,7% dos seus correligionários, a quarta maior redução entre os partidos que não foram fundidos.

Outra grande legenda que teve um ano difícil no que diz respeito a número de filiados foi o MDB. Mesmo com a retirada do “P” da sigla, para tentar retomar a imagem que tinha no processo de redemocratização do país, o partido com maior número de filiados do Brasil sai 10,9% menor de 2019, com 2.130.660 filiados.

Em segundo lugar no ranking dos maiores partidos permanece o PT, que conta com 1.475.973 correligionários, mas também sofreu baixa neste ano. O partido que comandou o país por 14 anos, mas está fora do poder desde 2016, ainda é a maior legenda de esquerda do Brasil, nesse aspecto.

Neste ano, no entanto, a sigla viu se interromper um processo de crescimento iniciado em outubro de 2002, quando ganhou a eleição presidencial pela primeira vez. Naquele mês, a legenda contava com 828.781 filiados, número que foi crescendo com os anos, ultrapassando 1,59 milhão de correligionários, em dezembro de 2018. Em novembro deste ano, o partido dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff contava com 1.475.973 apoiadores, uma quantidade 7,2% menor que o que detinha no no fim do ano passado.

Outros grandes que perderam espaço neste ano foram o PSDB (-93.357), o PR (-65.997), o Cidadania (-38.871) e o PSB (-37.696).

Apesar disso, o cientista político Ricardo de João Braga afirma que conquistar filiados não faz muita diferença para os partidos, já que não interfere em arrecadação de verbas e na escolha de candidatos para as eleições.

“De certa forma, pra algumas estruturas partidárias, menos filiados pode até ser algo positivo”, completa.

Confira a lista completa, por ordem proporcional de crescimento no número de filiados no último ano:

Partido 2018/dez 2019/nov Diferença %
Patriota 80.019 310.961 230.942 +288,61%
Podemos 167.160 364.471 197.311 +118,04%
PSL 241.086 348.492 107.406 +44,55%
Psol 150.130 184.387 34.257 +22,82%
PRB 398.563 425.780 27.217 +6,83%
Novo 26.215 48.443 22.228 +84,79%
PCdoB 397.452 413.855 16.403 +4,13%
Solidariedade 213.041 218.495 5.454 +2,56%
Pros 97.291 101.744 4.453 +4,58%
PSD 327.038 330.322 3.284 +1,00%
Rede 23.841 23.968 127 +0,53%
PMB 42.847 42.821 -26 -0,06%
PCO 3.723 3.581 -142 -3,81%
PSTU 17.143 15.876 -1.267 -7,39%
PCB 14.682 12.924 -1.758 -11,97%
PMN 221.145 218.525 -2.620 -1,18%
PRTB 138.788 132.415 -6.373 -4,59%
Avante 187.127 176.649 -10.478 -5,60%
DC 187.079 174.582 -12.497 -6,68%
PV 376.535 358.974 -17.561 -4,66%
PTC 199.202 180.568 -18.634 -9,35%
PSC 423.143 392.740 -30.403 -7,19%
PSB 655.896 618.200 -37.696 -5,75%
PPS (Cidadania) 480.748 441.877 -38.871 -8,09%
PPL 40.243 61 -40.182 -99,85%
PR 796.942 730.945 -65.997 -8,28%
PSDB 1.459.663 1.366.306 -93.357 -6,40%
PT 1.591.575 1.475.973 -115.602 -7,26%
DEM 1.093.466 976.005 -117.461 -10,74%
PTB 1.191.490 1.067.772 -123.718 -10,38%
PDT 1.256.892 1.126.571 -130.321 -10,37%
PP 1.444.626 1.276.625 -168.001 -11,63%
PHS 215.218 122 -215.096 -99,94%
PRP 250.595 178 -250.417 -99,93%
MDB 2.392.485 2.130.660 -261.825 -10,94%

 

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