sábado 21 de dezembro de 2024
ACM Neto com Bruno Reis em Salvador, e Eduardo Braide com Gilberto Kassab, em São Luís — Foto: Reprodução
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segunda-feira 23 de setembro de 2024 às 16:45h

Partidos do Centrão e PL lideram entre as candidaturas mais competitivas nas capitais, indicam pesquisas Quaest

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS


A duas semanas do primeiro turno das eleições municipais, candidatos filiados a partidos do Centrão e que se posicionam à direita no espectro político têm aparecido mais bem posicionados em pesquisas de intenção de voto para prefeito nas capitais que nomes do campo da esquerda. É o que aponta um levantamento do jornal O Globo a partir de dados dos últimos levantamentos feitos pela Quaest, a pedido da TV Globo e suas afiliadas, nas 26 cidades.

O União Brasil, fruto da fusão entre DEM e PSL, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, são as legendas com mais representantes entre os 55 candidatos pelo país que se mostram competitivos nos levantamentos, isto é, com chances hoje de vencer em primeiro turno ou disputar o segundo. Os partidos têm 11 e nove nomes nessas condições, respectivamente. Eles são seguidos pelo PSD, com sete candidatos na lista.

O MDB, que tem perdido espaço nas maiores cidades e aposta em Ricardo Nunes em São Paulo, e o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não elegeu prefeito em capitais no pleito passado, aparecem em seguida, com seis candidaturas cada.

Em crise, o PSDB, que havia saído da eleição de 2020 com três capitais, entre elas São Paulo, com Bruno Covas, aparece nas primeiras posições apenas em Campo Grande, com Beto Pereira, e Florianópolis, com Dário Berger, hoje empatado em um distante segundo lugar. Pereira é apoiado por Bolsonaro na corrida da capital do Mato Grosso do Sul.

Especialistas em opinião pública defendem que as pesquisas são um retrato do momento em que são feitas e não devem ser interpretadas como prognósticos do pleito — a decisão do eleitor pode mudar até a hora de digitar o voto na urna —, mas ajudam a identificar tendências no cenário eleitoral.

Uma análise feita pelo jornal O Globo indica que 56% dos postulantes a prefeito mais competitivos se declaram de direita, enquanto 21% se apresentam como de centro e 23% como de esquerda. Nomes do União Brasil e do PL aparecem com vantagem mesmo em cidades do Nordeste, tradicional reduto petista em pleitos presidenciais. Na busca pela reeleição, os prefeitos de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), e de Maceió, JHC (PL), alcançam 74% das intenções de voto.

— A gente vem observando um endireitamento do Brasil desde 2018. Há um esvaziamento do centro, enquanto a população está migrando para o extremo da direita, que se organizou melhor. A esquerda não investiu em novos nomes, não apresentou alternativas tendo em vista 2024 — avalia a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Aposta em Teresina

Em desvantagem, a esquerda tem seu melhor desempenho na tentativa de reeleição do prefeito do Recife, João Campos (PSB). O aliado de Lula soma 77% das intenções de voto. Após não eleger nenhum prefeito em 2020 nas capitais pela primeira vez desde a redemocratização, o PT enfrenta desafios para retomar os executivos municipais, mesmo à frente do governo federal.

O candidato petista com maior índice intenção de voto está em Teresina, onde o atual prefeito, Dr. Pessoa (PRD), apresenta alta rejeição. Segundo a última pesquisa, Fábio Novo tende a enfrentar Silvio Mendes (União) no segundo turno deste ano. Os dois estão tecnicamente empatados, com 40% e 44%, respectivamente.

Outras apostas do partido são as disputas de Fortaleza e Goiânia, onde os candidatos estão empatados na primeira posição. Na capital cearense, Evandro Leitão (PT) tem 21% das intenções de voto e disputa uma vaga no segundo turno com o prefeito José Sarto (PDT), o deputado André Fernandes (PL) e Capitão Wagner (União Brasil).

Em Goiânia, reduto da direita e cidade que preferiu Bolsonaro em 2022, Adriana Accorsi (PT) está tecnicamente empatada com o candidato do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), o empresário Sandro Mabel (União Brasil). Eles somam 22% e 24% das intenções de voto, respectivamente, e são seguidos pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD), que está sete pontos percentuais atrás da petista.

Para o cientista político Carlos Ranulfo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as dificuldades ocorrem porque a eleição presidencial de Lula não foi motivada por um fortalecimento da esquerda junto aos eleitores, mas por uma união de uma frente ampla contra o bolsonarismo.

— Mesmo que Lula tenha vencido as eleições, os governadores são de direita e os prefeitos também. A esquerda já foi muito forte, chegou a eleger 15 prefeitos de capitais em 2007, mas enfraqueceu. A base popular está desorganizada e os movimentos populares se esvaziaram — analisa.

Já o PSD se destaca no Rio, com Eduardo Paes, que marca 57% das intenções de voto, mas viu Alexandre Ramagem (PL) se aproximar, e em São Luís, onde o prefeito Eduardo Braide alcançou 60% da preferência do eleitorado no último levantamento. A sigla de Gilberto Kassab lidera ainda as corridas de Curitiba, com o vice-prefeito, Eduardo Pimentel, em Florianópolis, onde o prefeito Topázio Neto disputa a reeleição, e Natal, com o ex-deputado Carlos Eduardo.

Além da capital paulista, o MDB aparece na liderança em Porto Alegre, representado pelo prefeito Sebastião Mello, em Boa Vista e Macapá, onde os também prefeitos Arthur Henrique e Dr Furlan têm ampla vantagem, e em Belém. Na maior cidade paraense, Igor Normando, aliado do governador Helder Barbalho (MDB), passou de 21%, no fim de agosto, para 42% das intenções de voto na última pesquisa Quaest, divulgada no sábado. Com o resultado, o emedebista ultrapassou o deputado Delegado Eder Mauro (PL), que assume a segunda posição, com 21%.

Quadro ainda embolado

Os resultados da Quaest sugerem que as disputas de dez capitais hoje podem caminhar para uma conclusão já no primeiro turno. Nas demais cidades, nas quais há no momento uma tendência de segundo turno, em 11, a composição do novo embate ainda se mostra indefinida.

Entre as capitais com cenários embolados, estão as populosas São Paulo e Belo Horizonte, nas quais os prefeitos Ricardo Nunes e Fuad Noman (PSD) foram eleitos vices em 2020 e assumiram a cadeira no decorrer do mandato. Ambos enfrentam uma disputa acirrada por uma vaga no segundo turno.

Na capital paulista, Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) também se mostram com chances de avançar para uma próxima fase. Na cidade mineira, o prefeito aparece atrás do deputado estadual e apresentador de TV Mauro Tramonte (Republicanos) e empatado, tecnicamente, com o bolsonarista Bruno Engler (PL).

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