quinta-feira 13 de março de 2025
Ciro Nogueira (PP), Tony Rueda (União Brasil) e Marcos Pereira (Republicanos): Centrão faz acenos para Lula e Bolsonaro, mas estimula outras candidaturas — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo e Divulgação/Republicanos
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quinta-feira 13 de março de 2025 às 10:46h

Partidos de centro evitam antecipar lado e se fortalecem com filiações e federações

DESTAQUE, ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


Diante dos percalços das duas maiores forças políticas do país para a eleição de 2026, partidos do Centrão já começam a disputar espaço entre si para ocupar o lugar de fiel da balança no ano que vem. Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece inelegível, o presidente Lula da Silva (PT) registra um tombo em sua popularidade nas pesquisas. Lula também enfrenta dificuldades segundo Lauriberto Pompeu e Camila Turtelli, do O Globo, para conter as más notícias na seara econômica, especialmente relacionadas à persistência da inflação.

Com a constatação das dificuldades, União Brasil, PP, Republicanos, MDB e PSD buscam ampliar a influência nos rumos da pauta do Congresso e fazem acenos aos dois lados. Além disso, estimulam outras candidaturas à Presidência.

O tamanho das siglas — Foto: Editoria de Arte
O tamanho das siglas — Foto: Editoria de Arte/O Globo

O cenário tem motivado um clima de competição. Há, por exemplo, uma disputa para filiação de governadores e parlamentares, além de rixas envolvendo federações e fusões.

A possível federação entre dois dos maiores partidos do Centrão, União Brasil e PP, deve ter um desfecho na próxima semana. Caso seja consolidado, o bloco, que funcionaria como um único partido por pelo menos quatro anos, teria um poder de barganha maior.

Os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do Republicanos, Marcos Pereira, se encontraram na quarta-feira (12) com o objetivo de debater se a sigla de Pereira e do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), faria parte da federação. Ficou decidido que os partidos devem caminhar juntos nas eleições de 2026, mas, neste momento, a conversa sobre uma possível federação vai seguir apenas entre União Brasil e PP.

Divisão do comando

Hoje, há consenso entre Nogueira e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, sobre a união dos dois partidos. A ideia é dividir os comandos estaduais da federação entre as siglas, seguindo o critério de tamanho das bancadas no Legislativo. Já a presidência nacional seria exercida de forma intercalada. Não há objeção para que esse esquema se inicie pelo PP, com o comando do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um desejo de Nogueira.

— Se a federação acontecer, a presidência vai ser um rodízio — afirmou o presidente do PP.

Falta ainda, porém, consenso entre as bancadas dos partidos. Uma ala do União Brasil, por exemplo, reclama que não foi ouvida por Rueda. Na última reunião do grupo, realizada na Câmara, o líder do partido, Pedro Lucas Fernandes (MA), foi instado a trazer o presidente da sigla para o próximo encontro.

Outra aresta é a disputa pela Presidência da República no ano que vem. O Republicanos tem entre seus quadros o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um dos mais bem colocados para ser o candidato da direita. Enquanto isso, o União Brasil conta com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que irá lançar uma chapa no dia 4 de abril ao lado do cantor sertanejo Gusttavo Lima.

Para não abrir mão da candidatura, aliados de Caiado têm se colocado contra a federação com o Republicanos, temendo que o governador de Goiás seja preterido em uma disputa de forças internas.

Paralelamente, Ciro Nogueira tem sinalizado apoio a uma candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ou do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para depois tentar se viabilizar como vice de um deles.

Em um evento em São Paulo há duas semanas, o presidente do PP cobrou uma definição de Bolsonaro sobre sua candidatura, mesmo inelegível. De acordo com o dirigente, ele precisa fazer isso até o fim deste ano para que os governadores Tarcísio ou Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, se tornem alternativas viáveis à Presidência.

Do outro lado, o governo Lula ainda tenta fazer com que PP e União Brasil, que comandam ministérios, adotem a neutralidade e não façam parte de nenhuma coligação em 2026. Os ministros do Esporte, André Fufuca, do PP, e o do Turismo, Celso Sabino, do União Brasil, são apontados como pré-candidatos ao Senado pelo Maranhão e Pará, respectivamente, e pretendem dar palanque para Lula.

Em alguns estados, o PP tem investido em se fortalecer como força da direita e, para isso, mirado em atrair integrantes até do PL, de Bolsonaro. Ciro Nogueira dá como certo, por exemplo, que o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, vai sair do partido de Bolsonaro para retornar ao PP.

Em outra frente, no Nordeste, a intenção do partido é filiar parlamentares do PL que costumam votar com o governo Lula. O deputado federal João Maia (PP-RN) foi um que já fez essa migração. Robinson Faria (PL-RN), ex-governador e pai do ex-ministro bolsonarista Fabio Faria, é outro que deve fazer o movimento.

Também com ministérios, mas com alas próximas da oposição, o PSD, de Gilberto Kassab, tem brigado para filiar governadores que hoje estão no PSDB, o que já ocorreu esta semana com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra. O partido investe agora no governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (leia mais na página 5).

Em relação a Riedel, Kassab compete com o PL, PP e União Brasil. Ciro Nogueira e a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi eleita em 2022 na mesma chapa do governador, tentam convencê-lo a embarcar na legenda.

Em Pernambuco, Raquel Lyra também foi convidada pelo MDB, mas a legenda de Kassab se saiu melhor na disputa. A saída do PSDB não aconteceu sem traumas. Mas a governadora deseja ter os tucanos em seu arco de alianças para se reeleger em 2026. Ela chegou a procurar o presidente do partido, Marconi Perillo, para tentar construir uma solução.

A presidência do PSDB em Pernambuco deverá ser entregue ao presidente da Assembleia Legislativa do estado, Alvaro Porto, rival da governadora, e há negociações avançadas para que os tucanos façam uma fusão com Solidariedade e Podemos.

Neste cenário, a ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade) vira uma aposta para ajudar a eleger deputados federais tucanos no estado em uma aliança que pode envolver também o nome de João Campos (PSB) como candidato a governador.

MDB tenta fusão com PSDB

Já o MDB tem procurado se fortalecer ao trazer para perto de si partidos menores. A legenda compete com o PSD para uma fusão com o PSDB. Embora Perillo tenha descartado um diálogo com os dois partidos agora, integrantes da cúpula tucana dizem que, caso seja consolidada uma aliança com Podemos e Solidariedade em breve, é possível procurar no início do ano que vem mais siglas para se juntar.

O PSD é visto como um partido improvável para atrair o PSDB, já que Kassab tem dito a aliados que a legenda é “nanica” e começou um movimento para filiar quadros do partido, como foi o caso da governadora de Pernambuco e de prefeitos em São Paulo.

O deputado Aécio Neves (MG) é um dos principais nomes do PSDB que deseja uma fusão com o MDB. Aliados do parlamentar dizem que o objetivo é tentar uma definição sobre o assunto no início do ano que vem. A principal condição que tem sido colocada é que o MDB fique fora da coligação de Lula.

Uma parte dos emedebistas quer indicar a vice do presidente em 2026, já outra aposta no apoio a um candidato de oposição.

— Vamos continuar conversando com eles (PSDB), respeitando suas lideranças. Depois que eles fizerem os movimentos, vamos continuar o diálogo — disse o presidente do MDB, Baleia Rossi, sobre o fato de os tucanos terem priorizado agora a conversa com Podemos e Solidariedade.

As movimentações de olho nas próximas eleições

  • União Brasil: Tenta formar com o PP uma federação para aumentar seu poder de barganha. Ao mesmo tempo, a legenda já marcou o lançamento da pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado à Presidência.
  • PP: Além da federação, busca se fortalecer como força da direita e tem mirado, inclusive, em atrair integrantes do partido de Bolsonaro, o PL. Uma das apostas é o secretário de Segurança de SP, Guilherme Derrite.
  • MDB: Atua atrair partidos menores e busca uma fusão com o PSDB, que não descarta procurar siglas para além de Podemos e Solidariedade para se juntar no futuro. Aécio Neves é um dos que desejam uma aliança com o MDB.
  • PSD: Após filiar a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, tenta atrair os outros governadores do PSDB: Eduardo Riedel (MS) e Eduardo Leite (RS). Também compete com o MDB por uma fusão com a sigla.
  • Republicanos: Deve caminhar junto com o União e o PP em 2026, sem aderir à federação negociada entre as siglas. Tem entre seus quadros o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cotado para disputar a Presidência.

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