O deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP-PR), que hoje é secretário da Indústria do Paraná, disse a Guilherme Seto, da coluna Painel nesta sexta-feira (7) que é evidente que o centrão está buscando espaço na Esplanada dos Ministérios, mas que não vê ambiente para substituir um nome como o de Nísia Trindade no Ministério da Saúde.
“Não penso que o Ministério da Saúde será alvo de mudanças porque a Fiocruz é uma referência internacional do Brasil. E a ministra Nísia representa este reconhecimento. Não vejo ambiente para substituí-la. Só se ela cometesse algum grande equívoco na sua gestão, o que é improvável, pela experiência que ela tem”, afirma ele.
Mas, para o ex-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, a ocupação de outros espaços pelo centrão é questão de tempo. “Num governo que pretende mostrar resultados, sempre chega o momento em que aqueles que foram divergentes no palanque vão ter seu espaço. O Brasil é presidencialismo de coalizão. O PT fez 80 parlamentares. Obviamente não pode pensar que não precisa contemplar as outras forças políticas que estão estabelecidas no parlamento brasileiro”, diz ele.
Barros é conhecido nos corredores da Câmara Federal pelo pragmatismo típico do centrão – antes de se tornar um nome afinado com o bolsonarismo, ele já tinha sido líder de FHC, integrou a base aliada das primeiras gestões petistas e também foi ministro da Saúde de Michel Temer.
“Eu não serei novamente ministro da Saúde, em nenhum momento. Porque é um ministério muito nervoso. A média de permanência dos ministros da Saúde é de 9 meses. Eu, que fiquei apenas 22 meses, sou o quinto ministro mais longevo da história. Então aquilo é um touro brabo”, comenta ele.
De acordo com Barros, a troca na pasta do Turismo, para a entrada do deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA), seria “apenas o começo”. “Virão outros ministérios, para que a base do governo se consolide. Isso é necessário. Porque hoje as votações exigem grande esforço do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que, aliás, tem sido muito bem-sucedido na sua capacidade de articulação. E eu penso que o governo precisa facilitar a vida dele, contemplando essas outras áreas”, diz o parlamentar licenciado, que no ano passado foi eleito para o sétimo mandato na Casa.
Para ele, o avanço do centrão na Esplanada dos Ministérios deve acontecer a partir de 2024. “Hoje ainda estamos muito próximos do palanque. Quem ganhou a eleição, quer ocupar o governo e não quer [dividir espaço dentro do governo com] quem não estava no palanque. Quem entrar agora, neste primeiro momento, vai ser muito rejeitado pelo sistema. Mas, no ano que vem, não. No ano que vem, quem entrar, já vai ser bem acolhido. Porque aí o governo já vai pensar: ou nós vamos bem ou nós não nos reelegemos”, conclui ele.
Barros falou com a coluna Painel na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, onde ele acompanhava a comitiva da ministra do Planejamento e Orçamento Simone Tebet (MDB), ao lado de outros secretários e parlamentares. Na cidade, Tebet conduziu uma plenária estadual do PPA (Plano Plurianual) Participativo 2024-2027.