Discursos no 1º Seminário de Comunicação do PL, na quinta (20) e sexta-feira (21) deixaram claro de acordo com Fábio Zanini,, da coluna Painel, que o partido vai tentar capturar o eleitor de baixa renda que está descontente com o governo Lula (PT), apostando em temas que são mais sentidos no dia a dia dessas pessoas, como a inflação.
Como mostrou a última pesquisa Datafolha, a aprovação do petista caiu 20 pontos entre seus próprios eleitores. O levantamento indicou que a maior queda ocorreu entre os mais pobres, que ganham até dois salários mínimos por família (R$ 3.036) —eles correspondem a 51% da amostra e a 60% dos eleitores de Lula.
O seminário do PL, que reuniu influenciadores do partido, contou com palestras de representantes de empresas como X, Meta, Google, Kwai e Tiktok. Para lideranças do partido, parte do conhecimento dos influencers deveria ser aplicado na comunicação com os mais pobres, como argumentou o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).
“Aqui só tem professores nessa área”, disse, na quinta-feira (20). “Tem muito ensinamento. Mas lamentavelmente o outro lado [esquerda], eles são muito bons, não em redes sociais, mas para se comunicar, em especial, com a parte pobre da sociedade”, continuou.
“Eles são especialistas em enganar, em mascarar, em especial, os mais pobres e os mais humildes. Nós, da direita, temos que aprender, em alguns momentos, a fazer autocrítica, coisa que eles não fazem. Nós precisamos melhorar a nossa comunicação com este mundo”, disse.
Foi uma avaliação parecida com a que o vereador Pablo Almeida, o mais votado de Belo Horizonte, fez no painel anterior. Ele citou a necessidade de estar presente em comunidades mais pobres e de abordar temas que são importantes para essa parcela da população.
“São bandeiras que, de fato, vão atingir a pessoa que está ali no dia a dia. ‘Estou pagando muito imposto’, e tal”, disse, defendendo que os influenciadores de direita procurem essa identificação via redes sociais. “Porque senão a esquerda vai lá e acaba cooptando todo mundo”, disse.
Em sua fala, Almeida fez referência ao vereador fluminense Rafael Satiê, criado na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro.
“A favela já é conservadora. Uma das razões são as células religiosas, os espíritas, os católicos e os evangélicos”, diz Satiê ao Painel. “Segundo, a favela é capitalista. Tudo o que o favelado tem é fruto do pouco do capitalismo, a saber o carro, a casa, o telefone, o celular, o Wi-Fi, a Smart TV.”
“Então, veja, o favelado está muito mais próximo do conservadorismo, da direita e do capitalismo”, afirma. Ele diz que é preciso usar a linguagem certa para atrair esse público. “Por que hoje você tem uma rejeição entre os pobres ao Lula? Porque está falando da taxa do gás, está falando do Pix, da inflação, do aumento dos alimentos, do café”, continua.
“Então, talvez a linguagem do conservadorismo e do capitalismo é uma linguagem mais inacessível para o favelado. Mas quando se fala do café, quando se fala da falta de recurso e a falta de poder de compra, eles entendem muito mais. Essa é a nossa estratégia para a comunicação.”
O senador Rogério Marinho (RN), que coordena um curso de formação de ideais conservadores dentro do partido, defendeu que os influenciadores repassem, de uma forma mais simples, o impacto das medidas do governo sobre os mais pobres.
“O governo está com dificuldade de função da sua política fiscal. Então são dados que são necessários serem passados de uma forma mais simples a essa grande massa de apoiadores espalhados pelo país, para que eles possam buscar essa informação, uma informação real, e passar uma mensagem mais adequada ao seu grupo de opinião, às pessoas que estão no seu entorno”, disse.