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sábado 23 de novembro de 2019 às 16:58h

Partido de Bolsonaro prepara estratégia para 2020

DESTAQUE, POLÍTICA


O Aliança pelo Brasil ainda não está oficialmente criado, mas a Executiva Nacional e os deputados federais, que anseiam pela migração à futura legenda, começam, passo a passo, a traçar as estratégias para dar musculatura política às eleições municipais de 2020. O martelo ainda não foi batido pelo presidente Jair Bolsonaro, mas a ideia de é ter candidaturas nas capitais. Caso não seja possível, o apoio a candidatos de outros partidos não está descartado. Paralelamente, parlamentares se mobilizam para viabilizar postulantes próximos e confiáveis em municípios do interior, embora reconheçam as dificuldades.

A intenção do Aliança é de usar a popularidade de Bolsonaro para emplacar candidatos fortes e evitar que municípios com grandes orçamentos, sobretudo as capitais, “caiam nas mãos” de candidatos de partidos da oposição. “Será importante esse pragmatismo para termos prefeitos chave para combater o Foro de São Paulo em todos os grandes municípios”, destacou o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), que migrará, quando possível, para o Aliança.

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) partilha da opinião, embora defenda o lançamento de candidaturas com pessoas de estrita confiança, independentemente do tamanho. “De repente, o município não é tão grande, mas tem gente de confiança. E aí vamos lançar, pois é uma base a mais”, analisou. A diretriz de Bolsonaro é priorizar os mais confiáveis. “O presidente já deixou claro que é melhor ter menos prefeituras e não eleger tanta gente assim, mas ter certeza absoluta de que colocaremos gente qualificada, do que colocar qualquer um”, afirmou.

O plano do Aliança nos municípios é impulsionar candidatos por mandatos de deputados federais nos respectivos estados, por meio da associação da imagem dos parlamentares, que viabilizarão o consentimento dos nomes junto à Executiva Nacional. A estratégia, contudo, já se mostra desafiadora em meio à necessidade de emplacar pessoas de confiança. Zambelli reclama que, desde a convenção de fundação do futuro partido, na quinta-feira, várias pessoas começaram a se aproximar a fim de vincular candidatura a ela.

De quinta-feira para ontem, o número de “aproveitadores” aumentou. “Estou tendo que lidar com um monte de casos de gente que, por exemplo, aproveitou o fato de ter feito um vídeo comigo na cerimônia, falando nas redes sociais que vai comandar o Aliança em algum município. Eu tô meio bronqueada com o excesso de pessoas na briga de poder para chegar ao partido. Isso me deixou meio cabreira em apoiar alguém no próximo ano. É ruim uma coisa nascer já desse jeito”, criticou.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que, futuramente, deve ser confirmado como o presidente do diretório paulista do Aliança, também tem freado o ímpeto dos mais empolgados. “Muita gente anda tentando puxar para si, principalmente diretórios municipais, dizendo: ah, eu já sou do Aliança, já comecei, mas não é nada assim, não. Está tudo em aberto”, avisou. Por esse motivo, o deputado federal Sanderson (PSL-RS) prevê um lançamento tímido de candidaturas. “Se tivermos 50, já será muita coisa. Tendo algo concreto, o partido estando criado, vamos lançar, mas com muita cautela”, ponderou.

Estratégias

As estratégias para as eleições nas capitais ainda são incipientes, mas em duas delas as conversas estão mais maduras. Em São Paulo, a expectativa é lançar o jornalista José Luiz Datena. Luiz Philippe e Zambelli aparecem como plano B. Em Curitiba, a ideia é lançar o jornalista e advogado Ogier Buchi, nome de confiança do deputado Filipe Barros (PSL-PR). “Se o presidente autorizar a candidatura do Aliança em Curitiba, ele é alguém de conduta ilibada e histórico de ativismo ao presidente, e reconhecido pela população. É uma das pessoas que eu levaria para o presidente Bolsonaro”, destacou o parlamentar.

A possibilidade de Barros ser candidato a prefeito em Londrina é uma situação que o deputado não descarta, embora garanta que é uma decisão que ficará a cargo de Bolsonaro. “Eu sou soldado do presidente. Se ele quiser que eu seja candidato, serei. Se ele quiser que eu permaneça em Brasília, que assim seja. Não tenho apego a cargo, não dependo da política e já era advogado antes de ser vereador”, ponderou. O deputado estadual Washington Lee Abe (PSL) também pode sair candidato no interior paranaense apoiado por ele, à prefeitura de Cascavel.

Acordos

Caso o partido não esteja criado até março de 2020, Barros avalia a possibilidade de buscar acordos com legendas que tenham afinidade programática para sugerir e tentar emplacar seus candidatos, com a expectativa de que migre para o Aliança futuramente. “A conversa, inclusive, tem que ser essa. Disputaria eleição por outro partido, uma vez que não tenha sido criado e, a partir do momento que for, essas pessoas migrariam para o Aliança. Claro que entra a questão jurídica, prefeitos poderiam sair a qualquer momento, mas vereadores teriam que esperar a janela partidária”, disse.

A capital carioca é um dos municípios para o qual o Aliança pode apoiar uma candidatura de outro partido. Na opinião do deputado Márcio Labre (PSL-RJ), a tendência é apoiar a reeleição do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). “Seria até um gesto de fidelidade dado pelo Republicanos na esfera federal, estadual e municipal. Trabalhamos em sintonia em algumas pautas”, avaliou. Pessoalmente, o parlamentar vai trabalhar para tentar emplacar oito candidaturas, na noroeste fluminense e na Baixada, como em Mesquita, onde pretende lançar a coordenadora de seu gabinete no estado, Dra. Thaianna Barbosa.

Motivo da cisão dentro do PSL, a capilarização do Aliança no país será algo muito debatido entre parlamentares e a Executiva Nacional, a fim de evitar conflitos por espaços em prefeituras. Somente no Rio, são oito deputados federais. “Ainda não tivemos problemas, mas vai ter. Farei de tudo para buscar harmonia e aliviar a tensão, em busca de uma divisão justa para que cada um tenha seu espaço”, ponderou Labre. Já Barros mantém contato com a deputada Aline Sleutjes (PSL-PR) e pondera que, em última instância, a anuência venha do diretório nacional. “Precisamos de estratégia macro, a fim de ser um partido orgânico, não fisiológico”, justificou.

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