O Parlamento iraquiano elegeu nesta quinta-feira(13) Abdel Latif Rashid como presidente da República, na esperança de encerrar um ano conturbado de crise e violência, em uma sessão marcada por disparos de foguetes que deixaram dez feridos nas proximidades.
Rashid, um engenheiro curdo de 78 anos, foi eleito por 160 votos a 99 do presidente em fim de mandato Barham Saleh, informou um funcionário da Assembleia Legislativa.
Sua primeira decisão foi nomear o líder político xiita de 52 anos, Mohammed Shia al-Sudani, como primeiro-ministro, com a missão de formar um novo governo para tirar o país da estagnação política.
Em julho, a proposta de nomear Sudani para esse cargo provocou indignação entre partidários de outro líder xiita, o clérigo Moqtada Sadr, que protestaram na Zona Verde, a mais segura de Bagdá, e invadiram o Parlamento.
As tensões foram reavivadas e nove foguetes do tipo katiusha foram lançados na Zona Verde, deixando dez feridos, incluindo seis agentes de segurança dos deputados, segundo funcionários do setor. Os disparos não foram reivindicados.
A nomeação de um presidente e primeiro-ministro ocorre mais de um ano após as últimas eleições legislativas, em 10 de outubro de 2021.
A estagnação política dificulta reformas e grandes projetos de infraestrutura em um país rico em hidrocarbonetos, mas devastado por décadas de conflito.
Neste ano, o Parlamento tentou três vezes eleger um presidente, mas em nenhuma das sessões foi atingido o quórum de dois terços.
Tensões internas e religiosas
As tensões também são significativas entre os dois blocos xiitas, a comunidade majoritariamente muçulmana no Iraque, e no Parlamento.
A facção liderada pelo clérigo popular Moqtada Sadr exige a dissolução do hemiciclo e eleições antecipadas. Mas o Quadro de Coordenação, uma aliança de facções pró-iranianas, pede a formação de um Executivo antes de convocar novas eleições.
O novo primeiro-ministro, formado em agronomia, “não tem um passado duvidoso nem é alvo de grandes acusações de corrupção”, diz Sajad Jiyad, pesquisador do think-tank Century International.
As tensões atingiram um pico em 29 de agosto, quando mais de 30 apoiadores sadristas foram mortos em combates contra o exército e Hashd al-Shaabi, integrado às tropas regulares em 2017.