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Presidente da França, Emmanuel Macron, fala durante videoconferência em Paris 17/12/2020 REUTERS/Charles Platiau/Pool Foto: Reuters
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quinta-feira 6 de janeiro de 2022 às 16:24h

Parlamento da França aprova passe vacinal, em vitória política para Macron

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Apesar da crise política instaurada pela fala controversa de Emmanuel Macron, o Parlamento da França aprovou nesta quinta-feira (6) o projeto de lei defendido pelo presidente para impor regras mais duras ao passaporte vacinal no país.

A maioria dos legisladores votou a favor da proposta depois de uma sessão que se estendeu durante toda a noite com debates acalorados. No placar, 214 a favor, 93 contra e 27 abstenções. Em geral, os que se opuseram à aprovação pertencem aos extremos do espectro político, tanto à esquerda quanto à direita.

O projeto ainda precisa ser aprovado pelo Senado na próxima segunda-feira (10). O cronograma inicial do governo era, depois dessa etapa, fazer com que as novas regras entrassem em vigor no sábado (15), mas é possível que a vigência ganhe uma nova data.

Defendido por Macron, o texto propõe, entre outras medidas, que um novo passaporte de vacinação substitua o documento atual, eliminando a opção de apresentar um teste com resultado negativo para Covid como certificado de saúde.

O plano é exigir que todos os maiores de 12 anos apresentem provas de que foram vacinados caso queiram frequentar restaurantes, museus, academias, cinemas e o transporte público.

O projeto prevê ainda multas que podem chegar a 50 mil euros (R$ 322 mil) a empresas que não aderirem ao trabalho remoto quando o governo assim determinar, mesmo tendo condições para isso.

Havia dúvidas acerca da aprovação do projeto depois da repercussão de uma entrevista de Macron ao jornal Le Parisien. “Eu não quero irritar os franceses. Reclamo o dia todo quando o governo os atrapalha. Mas os não vacinados, esses eu tenho muita vontade de irritar”, disse o presidente, utilizando um verbo em francês que, a depender do contexto, pode ser considerado um palavrão.

O líder francês foi criticado por lideranças políticas de todos os espectros, em especial pelos candidatos à Presidência na eleição prevista para o mês de abril.

Para analistas, a mudança de tom de Macron –que fez um discurso em 31 de dezembro defendendo a união do país e adotou, quatro dias depois, uma postura bem mais afiada– foi um movimento político calculado, e não um deslize.

Assim, ao mesmo tempo em que posiciona Macron no lado oposto a candidatos da ultradireita como Marine Le Pen e Éric Zemmour, contrários a quase qualquer nível de restrições mesmo diante da crise sanitária, a fala controversa ajudou a expor incongruências entre outros partidos da oposição. Não houve, por exemplo, unidade entre os Republicanos na votação do passe vacinal.

Além disso, o tom pouco usual entre líderes de Estado moderados teve recepção mista na opinião pública. Uma pesquisa do instituto Elabe aponta que 53% dos entrevistados se disseram “chocados” com as palavras de Macron, contra outros 47% que não viram nada chocante no que ele disse.

Em outra frente, o ministro da Saúde, Olivier Verán, comemorou enfaticamente o fato de que mais de 66 mil franceses receberam doses da vacina contra a Covid –segundo dados do governo, o maior número desde 1º de outubro.

Embora não haja evidências que sustentem uma possível relação entre a fala de Macron e o alto índice de vacinados em um dia, o dado reforça a tese de que o presidente procurou explorar politicamente a crescente frustração da maioria dos franceses contra os que se recusam a receber o imunizante.

Resta saber se a estratégia, do ponto de vista eleitoral, vai funcionar em abril, quando os franceses irão às urnas escolher seu presidente. Macron até agora não confirmou oficialmente sua candidatura à reeleição.

Na mesma entrevista em que o líder francês se posicionou duramente contra os não vacinados, uma leitora do Le Parisien tocou no assunto ao dizer que não imaginava um cenário sem a participação de Macron no pleito.

Ao responder que não está fazendo um “falso suspense” e que deve fazer um anúncio oficial nas próximas semanas, o presidente não deixou dúvidas de que quer concorrer a mais cinco anos no Palácio do Eliseu.

“Se eu anunciar hoje [a candidatura], qual será minha capacidade de lidar com o pico de uma crise sanitária?”, disse Macron, aproveitando a deixa para tentar passar a ideia de que, para ele, o bem-estar dos franceses é mais importante que suas ambições eleitorais.

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