Alegando se tratar de uma suposta tentativa de perseguição, seis deputadas do Psol e PT iniciaram segundo Lucas Neiva, do Congresso em Foco, uma campanha virtual em oposição aos processos movidos contra elas no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. A ação conta com o apoio de 21 coletivos de defesa das mulheres, que somam esforços para pressionar os relatores das ações.
As deputadas em questão são Célia Xakriabá (PSOL-MG), Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Juliana Cardoso (PT-SP), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Talíria Petrone (PSOL-RJ). Elas foram alvo de uma representação apresentada pela bancada do PL, que classificou como quebra de decoro o uso por parte delas do termo “assassinos” para se referir aos parlamentares que defenderam o projeto de lei que estabelece o marco temporal das terras indígenas, agora em tramitação no Senado.
As representações contra elas foram analisadas em tempo recorde no Conselho, com uma lacuna de menos de um dia entre a apresentação das denúncias individualizadas e os sorteios dos relatores, no dia 31 de maio. Paralelamente, quatro denúncias apresentadas logo no início da legislatura contra parlamentares acusados de envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro permaneciam paradas, situação que não evoluiu desde então.
“Sabemos que o plano de fundo é perseguição política escancarada: estamos falando de mulheres combativas, que denunciam aquilo que é necessário denunciar, como o genocídio dos povos indígenas e os ataques à democracia”, afirmam as deputadas no manifesto em defesa de seus mandatos. Elas também chamam atenção ao fato de o Conselho de Ética possuir apenas uma mulher entre 20 homens.
O manifesto foi publicado na campanha Elas Ficam, cujo site oferece um formulário para que usuários possam enviar e-mails aos relatores com mensagens em defesa dos mandatos das deputadas. Ao preencher o formulário, é enviado a eles um e-mail defendendo que “é inadmissível que estas mulheres, que cumprem o trabalho parlamentar com responsabilidade constitucional sejam alvo de tamanha tentativa de silenciamento em um estado democrático”.
Além da campanha virtual, as parlamentares também realizaram conforme o Congresso em Foco, uma série de ações dentro da Câmara dos Deputados em defesa de seus mandatos. Fernanda Melchionna (Psol-RS) apresentou no mesmo dia da abertura do processo uma questão de ordem questionando Lira sobre a diferença de tratamento com relação a deputados envolvidos em denúncias sérias. Além disso, elas organizaram uma manifestação no anexo II da Câmara na última semana.
Até a noite deste último sábado (8), pouco mais de 28 mil pessoas haviam enviado e-mails aos relatores em defesa das seis deputadas.