Deputados da base aliada do governo Bolsonaro avisaram ao ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) que, se o governo não abrir espaço para a política, a reforma da previdência não andará na Câmara dos Deputados com celeridade.
O recado foi dado pelo deputado federal Sostenes Cavalcante (DEM-RJ), em nome de parlamentares aliados ao governo. Sostenes também levou queixas da bancada evangélica – que ele lidera – ao ministro da Casa Civil.
No final de semana, o deputado, do mesmo partido que Onyx, avisou ao ministro que a bancada evangélica, apoiadora de Bolsonaro, estava irritada com a demissão de Pablo Antônio Tatim, indicado pela bancada, de uma secretaria da Casa Civil. A demissão foi sem explicação- e sem aviso prévio aos parlamentares.
O deputado avisou ao ministro que, se o governo não abrir as portas para a articulação política, dificilmente fará andar a previdência.
O ministro confirmou a queixa à imprensa: “Eu não preciso de cargo no estado, porque meu voto é de igreja. Mas precisa respeitar o deputado que faz política assim. Dividir os espaços e cargos federais é natural da política. Uma coisa é corrupção. A outra, é dividir espaço para fazer política. Se não melhorar essa comunicação, fica difícil. E a gente quer ajudar”.
Onyx, em reação, sinalizou que a partir desta quarta-feira o governo vai chamar coordenadores das bancada estaduais para discutir cargos de segundo e terceiro escalão.
No final de semana, Rodrigo Maia esteve com o presidente Bolsonaro para discutir a previdência. Combinou de levar parlamentares para se reunir com o presidente.
Maia é da tese de que o governo precisa melhorar a articulação política para aprovar a previdência. Nesta quarta, ele recebe Paulo Guedes e líderes para almoçar.
Minirreforma ministerial
Mas parlamentares ouvidos pelo blog afirmam que não é suficiente: cobram uma minirreforma ministerial para que o governo, de fato, monte uma base com 4 ou 5 partidos. “Quantos votos o governo tem com os ministros que já estão ali? Tira o ministro do Turismo, que já está quase caindo, e dá para outro partido, por exemplo”, diz um líder do governo.
O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar, é contra a saída do ministro Marcelo Alvaro. Ao blog, Bivar disse que aconselhou o ministro a “segurar firme” no cargo, “como um marinheiro”.
“Tipo velho marinheiro, segurar-se no mastro até que a tempestade passe”.