Deputados eleitos da base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que chegaram a endossar os atos terroristas que ocorreram em Brasília neste último domingo (8) conforme a coluna Sonar, voltaram atrás e apagaram as publicações feitas nas redes sociais. Este é o caso de nomes que integrarão a bancada bolsonarista no Congresso Nacional — André Fernandes (CE) e Silvia Waiãpi (AP) — e do deputado estadual eleito Thiago Gagliasso (RJ), que alterou a legenda de uma de suas publicações. Os três são filiados ao PL.
Do Amapá, a indígena bolsonarista Silvia Waiãpi publicou um vídeo filmado do prédio do Congresso Nacional. “Acabamos de tomar o poder. Estamos dentro do Congresso. Todo o povo está aqui em cima. Olha só, minha filha, olha. Isso vai ficar para a história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos”, dizia a uma interlocutora.
Na legenda, a deputada eleita escreveu: “Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho”.
Futuro colega de Waiãpi na Câmara, André Fernandes chegou a convocar apoiadores para os atos deste domingo. Em tuíte apagado, o deputado eleito com mais votos do Ceará convidou: “Neste final de semana ocorrerá, na Praça dos Três Poderes, o primeiro ato contra o governo Lula. Estaremos lá”.
Durante as invasões, ele chegou a publicar a foto da porta do gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que foi arrancada pelos vândalos. “Quem rir vai preso”, ironizou.
Em uma sutil mudança, o deputado estadual eleito para a Assembleia do Rio (Alerj), Thiago Gagliasso, modificou a legenda publicada neste domingo. Inicialmente, o bolsonarista havia escrito “o povo subiu a rampa”. Na nova versão, ele alterou para apenas “subiram a rampa”.
O movimento de tirar das redes as evidências foi seguido por influenciadores e manifestantes que estão sendo identificados nas redes. A maioria deleta publicações ou, até mesmo, retira suas contas do ar. O Ta Okey, um dos perfis mais influentes do Twitter, chegou a publicar uma comparação com 2013. “Quase dez anos se passaram e o povo, sem liderança, apenas com a certeza que bandidos não irão comandar o país”, dizia mensagem apagada.
Na manhã desta segunda-feira, o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), afirmou à coluna de Bela Megale que o partido vai expulsar todos os filiados da sigla que participaram dos atos de terrorista em Brasília, no domingo. No entanto, não há previsão de punição interna para os endossos nas redes sociais.
Também nesta manhã, o ministro Alexandre de Moraes determinou a exclusão de 17 contas em diferentes redes sociais. Os alvos são perfis que, na visão de Moraes, ajudaram a promover os atos golpistas que vandalizaram as sedes do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.