A crise entre os poderes já dá sinais de qual será a decisão que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sobre sua candidatura à presidência da República em 2022.
Segundo a coluna de Bela Megale no O Globo, na avaliação de integrantes do Palácio do Planalto e de lideranças políticas, Pacheco tem investido na agenda de pacificação institucional para também se cacicar para a disputa eleitoral como a “terceira via”, um nome alternativo ao de Lula e Bolsonaro.
Não se trata mais de um segredo. Governadores que estiveram com o presidente do Senado ao longo da semana o descrevem como “candidatíssimo” ao posto.
Pacheco vem ocupando o vácuo de diálogo deixado por Bolsonaro, após o chefe do Executivo alastrar a crise entre os poderes. O presidente do Senado foi o primeiro chefe dos poderes a se mexer para marcar a agenda solicitada pelos governadores. Pacheco também atuou para retomar o encontro entre ele, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o presidente da República. A reunião foi cancelada após os petardos lançados por Bolsonaro sobre a Corte.
Enquanto afaga, age. Pacheco impôs derrotas duras ao presidente e que o irritaram profundamente, segundo aliados. A mais recente foi o arquivamento do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro tinha expectativa que Pacheco demorasse mais para colocar um ponto final no caso e arquivar o pedido.
A aposta do presidente era usar a medida para incensar as manifestações governistas do 7 de setembro. Não por acaso, Bolsonaro declarou que, ao negar o pedido nesta semana, Pacheco “agiu diferente do que agiu no passado”.
Até hoje Bolsonaro também não conseguiu digerir a rapidez com que o presidente do Senado acolheu o pedido do ministro Luís Roberto Barroso para instalar a CPI da Covid. Na ocasião, integrantes do Palácio já afirmavam que o senador usava a comissão para testar seu nome para 2022.
Hoje o maior cabo eleitoral de Pacheco é o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que tenta levá-lo para seu partido para disputar a presidência da República. O senador, no entanto, tem sinalizado que vai adiar ao máximo o anúncio de sua eventual candidatura. Ele não quer ficar tanto tempo na chuva antes da campanha começar e nem virar alvo preferido de Bolsonaro.