Assim como ocorreu nas últimas semanas após operações da Polícia Federal contra os deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), a ação desta última segunda-feira (29), que teve o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) como alvo, foi classificada por parlamentares alinhados com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma escalada da perseguição contra o ex-mandatário e seu grupo político.
Reservadamente, fontes do PL ligadas a Bolsonaro pontuaram segundo Marcelo Ribeiro, do Valor, que a reação à operação contra Carlos foi “mais pensada” e “menos imediata”, por haver o entendimento de que o recado passado pelas investigações é que eles estão se aproximando cada vez mais do ex-presidente.
Carlos foi alvo de busca e apreensão nessa segunda-feira no âmbito da investigação sobre espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O esquema na mira da PF é o mesmo que motivou, na semana passada, a operação contra Ramagem, ex-diretor da Abin e amigo do vereador.
Lideranças do PL veem uma escalada nas investigações e nos alvos das operações com o objetivo de “inibir o bolsonarismo”. A leitura é que adversários querem conter um suposto favoritismo de nomes que seja ligados ao ex-presidente e concorrerão nas eleições municipais.
“Até então, aliados eram os alvos. Agora, é um dos filhos. O objetivo é passar o recado de que estão cada dia mais próximos do presidente Bolsonaro”, disse um dos expoentes do partido comandado por Valdemar Costa Neto.
Segundo fontes, as respostas foram mais alinhadas e azeitadas para não dar margem a novos ataques ao ex-mandatário e ao seu entorno.
Para evitar novos desdobramentos, o próprio ex-presidente teria decidido ir a público negar que ele ou seus ex-filhos tenham tido acesso a informações privilegiadas da Abin e do monitoramento ilegal de autoridades e cidadão comuns.
Apesar dessa leitura, fontes próximas de Bolsonaro admitem preocupação com eventuais impactos das recentes operações nas eleições municipais e também temem “o esvaziamento do bolsonarismo”.