O diretor para as Américas da Eurasia, Christopher Garman, avaliou nesta segunda-feira (17) que o caminho nas negociações por ressalvas às tarifas sobre aço e alumínio será mais difícil do que no primeiro mandato de Donald Trump, quando o Brasil conseguiu cotas aos dois produtos. Durante o Plano de Voo Amcham 2025, encontro empresarial promovido pela Amcham Brasil, Garman observou que, ainda que a indústria norte-americana dependa da importação de aço, Trump se mostra mais centralizador e convicto agora de que as tarifas vão gerar empregos. Está assim, mais disposto a impor custo econômico das tarifas aos consumidores norte-americanos
A avaliação do especialista da Eurasia é de que México e Canadá são países com mais chances de obterem ressalvas às tarifas contra aço e alumínio.
A promessa do governo norte-americano de aplicar a reciprocidade, acrescenta, amplia as incertezas ao Brasil, que tem tarifas médias maiores do que as cobradas pelos Estados Unidos.
“É um processo que também vai ser de difícil negociação”, comentou Garman, acrescentando que também não vê disposição do Brasil em reduzir as tarifas ao etanol americano, dado o lobby poderoso das usinas de cana.
Ele observou ainda que não ajuda o Brasil a ideia de substituição do dólar nas transações entre países do Brics, assim como temas como a regulação sobre mídias sociais e a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, liderança política no Brasil mais alinhada a Trump.
“Temos várias cascas de banana nas negociações que podem atrapalhar a diplomacia brasileira”, comentou Garman. O “calcanhar de Aquiles” de Trump, ponderou, é que seu otimismo pode levar a mais inflação nos Estados Unidos.