quarta-feira 3 de julho de 2024
Bairro Vila Farrapos, em Porto Alegre, no último dia 29: moradores ainda convivem com enchentes — Foto: Silvio Avila / AFP
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segunda-feira 1 de julho de 2024 às 06:20h

Para 75% dos gaúchos, tragédia das enchentes no RS poderia ter sido evitada

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Na avaliação de 75% dos moradores do Rio Grande do Sul e de 72% da população brasileira como um todo, a tragédia provocada pelas cheias no estado do Sul do país nos últimos meses poderia ter sido evitada. É o que revela uma nova pesquisa Datafolha divulgada neste domingo. O levantamento também indica que a responsabilização pelo cenário de destruição é distribuída pelos entrevistados entre os três níveis de governo (federal, estadual e municipal), parlamentares e a própria população.

Apenas 24% dos gaúchos disseram acreditar que as mortes e destruição causadas pelo fenômeno climático eram inevitáveis, mesmo índice alcançado por esse grupo a nível nacional. Já os entrevistados no estado atingido pelas chuvas que responderam não saber opinar somam 1%, taxa que vai a 4% na pesquisa que considera todo o país.

Percepção sobre crise no RS — Foto: Arte/O Globo
Percepção sobre crise no RS — Foto: Arte/O Globo

Na Região Metropolitana de Porto Alegre, o contingente que diz que era possível evitar a destruição é maior e chega a 81%.

Divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, a pesquisa foi feita nos dias 17 a 22 de junho e ouviu 2.457 entrevistados em todo o país, dentre os quais 567 moradores de 24 municípios do Rio Grande do Sul.

Os gaúchos disseram crer que todas as esferas de governo e a própria população têm alguma parcela de responsabilidade pela destruição ocorrida. As prefeituras, porém, foram apontadas como aquelas com maior frequência como culpadas pelo resultado das inundações.

Entre os gaúchos, 85% veem os municípios como responsáveis, dos quais 44% dizem crer que os prefeitos têm “muita culpa” pelo ocorrido. O governo do Rio Grande do Sul foi apontado como culpado por 83% dos entrevistados no estado (46% veem muita culpa), e o governo federal por 80% (42% apontam muita culpa). Deputados e senadores do Congresso são citados por 81% (42% atribuem muita culpa). Já os que apontam papel da população no episódio somam 84%.

Os moradores de Porto Alegre, onde a inundação se seguiu a falhas nos sistemas de diques e bombas, são aqueles que mais atribuem os danos das cheias ao poder público. Uma parcela de 92% deles responsabiliza o governo gaúcho pela tragédia, e 93% culpam as prefeituras.

Culpas atribuídas por tragédia do RS — Foto: Arte/O Globo
Culpas atribuídas por tragédia do RS — Foto: Arte/O Globo

Avaliação de Lula e Leite

O Datafolha também perguntou aos entrevistados gaúchos o que eles acharam do desempenho dos governos no socorro às vítimas da enchente. São 36% os que consideraram bom ou ótimo o trabalho do governador Eduardo Leite (PSDB), contra 32% de ruim ou péssimo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, foi mais mal avaliado, com 31% de percepção positiva e 40% de índice ruim ou péssimo. No estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou à frente do petista no segundo turno das eleições de 2022, com 56% dos votos válidos.

Na população brasileira como um todo, o trabalho de presidente na crise foi considerado ótimo ou bom para 36%, enquanto a atuação do governador gaúcho foi vista da mesma forma por 35%. Já os brasileiros que apontam a condução do presidente como ruim ou péssima soma 32%, índice que é de 23%, no caso de Eduardo Leite.

Avaliação do presidente Lula sobre crise no RS — Foto: Arte/ O Globo
Avaliação do presidente Lula sobre crise no RS — Foto: Arte/ O Globo
Avaliação da atuação do governador — Foto: Arte/O Globo
Avaliação da atuação do governador — Foto: Arte/O Globo

Lula esteve no Rio Grande do Sul quatro vezes após as chuvas atingirem o estado e anunciou uma série de medidas, como a suspensão da dívida gaúcha com a União por três anos, a antecipação do Bolsa Família e a criação de um auxílio financeiro aos atingidos. O petista também criou uma secretaria extraordinária dedicada ao poio à reconstrução do estado, chefiada por Paulo Pimenta (PT-RS). Como mostrou O GLOBO, auxiliares do presidente esperam que as ações do governo federal após as enchentes reflitam positivamente em sua popularidade.

Na amostra nacional do Datafolha, a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Na que considera apenas a população do Rio Grande do Sul, a margem é de quatro pontos.

Dois meses após o início da tragédia, o Rio Grande do Sul ainda não se encontra totalmente seguro em relação às inundações. Em Porto Alegre, o vento forte também fez o nível do Guaíba subir e chegar perto da cota de inundação, mostrou ontem o Jornal Nacional. Alguns pontos na zona sul da cidade registraram alagamentos. No bairro de Ipanema, o lago formou ondas e invadiu a avenida às magens da lagoa. A frente fria que chegou ao país neste fim de semana derrubou as temperaturas no estado e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu risco de alerta de geada.

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