O papa Francisco deu início neste sábado (9) aos trabalhos da sessão de abertura da 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos e pediu uma Igreja “diferente”, que supere “visões verticalizadas, distorcidas e parciais”, com mais abertura e diálogo.
“Quando falamos numa Igreja sinodal, não podemos nos contentar com a forma, mas temos necessidade também de substância, instrumentos e estruturas que favoreçam o diálogo e a interação no Povo de Deus, sobretudo entre sacerdotes e leigos”, disse o Pontífice, perante centenas de participantes.
Francisco defendeu a mudança estrutural para uma Igreja como “um lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar”, incluindo as mulheres.
O religioso fez uma reflexão pelo início do Sínodo dos Bispos, dedicado este ano à “sinodalidade”, na qual participam religiosos de todo o mundo, fiéis e membros da Cúria Romana, e apresentou três “palavras-chave”: “comunhão, participação, missão”.
“Escutem os irmãos e irmãs sobre as esperanças e crises de fé em diferentes partes do mundo, sobre a urgência da renovação da vida pastoral, sobre os sinais que vêm das realidades locais.
Temos a oportunidade de nos converter em um Igreja próxima”, alertou.
Jorge Bergoglio acredita que a Igreja deve ter uma atitude de “compaixão e ternura” para com a sociedade e estabelecer com ela “maiores laços de amizade”. “Uma Igreja que não se afasta da vida, mas se encarrega da fragilidade e da pobreza do nosso tempo, curando as feridas”, recomendou.
O líder da Igreja Católica assegurou que “todos são chamados a participar na vida da Igreja e na sua missão, porque, caso contrário, se não incluírem todos os fiéis, os discursos de comunhão correm o risco de permanecer em intenções piedosas”.
“Nesse sentido, avançamos, mas ainda custa um pouco e somos obrigados a registrar o desconforto e o sofrimento de muitos agentes pastorais, de organizações de participação de dioceses e paróquias e de mulheres que muitas vezes ainda estão à margem”, alertou.
Para o Papa, é uma necessidade promover um modo de agir “caraterizado por verdadeira participação” de todos, “um compromisso eclesial irrenunciável”.
Além disso, Francisco pediu para o Sínodo não sucumbir ao “intelectualismo” e à “abstração” e não se limitar a ser “uma espécie de grupo de estudos com discursos cultos e abstratos sobre os problemas da Igreja e o mundo”.
“Reforço que o Sínodo não é um Parlamento, um inquérito de opinião, o Sínodo é um momento eclesial, o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo”, declarou.
A intervenção apelou ainda à superação do “imobilismo”, que levaria a aceitar “soluções velhas para problemas novos”. “Esta frase é um veneno para a vida da Igreja. Quem se move neste horizonte, também sem se dar conta, cai no erro de não levar a sério o tempo que vivemos”, alertou.
De acordo com ele, “é importante que o caminho sinodal seja verdadeiramente tal, que seja um processo em desenvolvimento; envolva, em diferentes fases e a partir da base, as Igrejas locais, num trabalho apaixonado e encarnado, que imprima um estilo de comunhão e participação orientado para a missão”.
“Venha o Espírito Santo. Vocês que levantam novas linguagens e colocam palavras de vida em nossos lábios, nos salvem de nos tornarmos uma Igreja museu, bela mas muda, com muito passado e pouco futuro”, rezou o Pontífice para encerrar seu discurso, em meio a aplausos.
A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos vai decorrer até outubro de 2023, precedido por um processo inédito de consulta, e de forma descentralizada, pela primeira vez, com assembleias diocesanas e continentais.