Nesta semana, a revista jesuíta La Civiltà Cattolica publicou detalhes de uma conversa entre o Papa Francisco com um grupo de jesuítas, em Lisboa. O encontro aconteceu em 5 de agosto, durante uma viagem a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude. Na ocasião, foram discutidos temas relacionados a comunidade LGBTQIAPN+, justiça social e política internacional .
O líder do Vaticano rebateu críticas feitas por fiéis norte americanos e alertou sobre a presença de ideologias políticas dentro de igrejas católicas do país. “Nos Estados Unidos a situação não é fácil. Há uma atitude reacionária muito forte, organizada, que estrutura uma adesão até mesmo afetiva”, disse Francisco.
Ainda em resposta a oposição nos EUA, ele afirmou ser “inútil tentar voltar ao passado”. O Papa também defendeu a evolução no debate sobre fé e moral cristã. “A doutrina progride, se consolida com o tempo, se expande e se torna mais firme, mas sempre progredindo”, afirmou durante a conversa com os jesuítas.
Segundo o pontífice, o “moralismo” em alguns setores da Igreja substituiu a fé por ideologias. Para ele, o retrocesso impede mudanças. “A visão da doutrina da Igreja como um monólito está errada. Mas alguns saem fora, voltam para trás, são o que eu chamo de ‘indietristas’. Quando se retrocede, forma-se algo fechado, desconectado das raízes da Igreja e perde-se a seiva da revelação”.
Religião e política
A partir do século X a Igreja Católica Apostólica Romana passou a exercer influência na política europeia. A expansão da Igreja levou o cristianismo para outros continentes. De acordo com dados do Vaticano, há cerca de 1,3 milhões de católicos no mundo. O Brasil lidera a lista de países com maior número de fiéis. Em seguida estão México, Filipinas e Estados Unidos. No Brasil, a Igreja manteve a incidência na política até meados de 1980.
Desde que assumiu o Papado, Francisco tem questionado o uso partidário da doutrina religiosa. Em 2021, durante uma Liturgia na Eslováquia, ele pediu para afastarem os símbolos católicos da política. “Não reduzamos a cruz a um objeto de devoção, muito menos a um símbolo político, a um sinal de prestígio religioso e social”, sinalizou na época.
Após os ataques à Brasília , em janeiro de 2023, o religioso discursou sobre o “enfraquecimento da democracia” no planeta. Em outras ocasiões, ele repetiu que a igreja não deve fazer política partidária. Sim políticas sociais orientadas pelo bem comum.