sexta-feira 22 de novembro de 2024
Foto: Reprodução
Home / Mundo / MUNDO / Pandemia causará queda inédita no PIB da América Latina, diz Cepal
terça-feira 21 de abril de 2020 às 18:03h

Pandemia causará queda inédita no PIB da América Latina, diz Cepal

MUNDO, NOTÍCIAS


A pandemia do coronavírus terá um impacto inédito na economia da América Latina, com uma queda de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) regional em 2020 – considerou a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), nesta terça-feira (21).

“A crise que a região sofre neste ano de 2020, com uma queda do PIB de 5,3%, será a pior em toda a sua história. Para encontrar uma contração de proporção comparável é preciso retroceder até a Grande Depressão de 1930 (-5%) ou mais ainda, a 1914 (-4,9%)”, informou a Cepal, organismo técnico das Nações Unidas, em um informe no qual atualiza suas projeções da atividade econômica regional no contexto da expansão do coronavírus.

Desde antes da pandemia, a região da América Latina e do Caribe já acumulava sete anos de baixo crescimento, com média de 0,4% entre 2014 e 2019, o menor desde a década de 1950, razão pela qual a emergência da pandemia do novo coronavírus agravou o panorama econômico regional.

Segundo as projeções da Cepal, todos os países da América Latina, exceto a República Dominicana – cujo PIB permanecerá estável – registrarão uma contração de sua economia em 2020.

As maiores quedas

A Venezuela, com uma contração de 18%, liderará a queda regional, seguida de Argentina, México e Equador, com 6,5%. Para o Brasil, a previsão é de uma queda do PIB de 5,2% em 2020.

Por sub-regiões, o organismo prevê que a América do Sul será a mais afetada, com uma contração de 5,2%, “porque vários países serão muito afetados pela queda da atividade da China, que é um importante mercado para as suas exportações”.

Na América Central, a queda seria de 2,3%, “afetada pela contração do turismo e a redução da atividade dos Estados Unidos, seu principal parceiro comercial e fonte de remessas” de migrantes, enquanto a economia da região do Caribe encolheria 2,5%, “devido à redução da demanda de serviços turísticos”, segundo a Cepal.

Após a emergência do novo coronavírus, América Latina e Caribe sofreram “uma redução do comércio internacional, queda nos preços dos produtos primários, intensificação da aversão ao risco e piora das condições financeiras mundiais, uma menor demanda por serviços turísticos e uma redução das remessas”.

O organismo avalia que os fluxos de remessas para a América Latina e o Caribe podem cair entre 10% e 15% em 2020.

A Cepal também prevê um forte impacto no mercado de trabalho, com cerca de 11,6 milhões de novos desempregados devido a esta crise sanitária, e efeitos negativos nos indicadores de pobreza, que aumentaria 4,4 pontos percentuais durante 2020, de 30,3% a 34,7% da população, o que significa 29 milhões de novos pobres.

A pobreza extrema cresceria 2,5 pontos percentuais, passando de 11% a 13,5% da população, o que representa um aumento de 16 milhões de pessoas nesta situação.

O volume de receitas obtidas pelos países da região com exportações cairia, enquanto isso, cerca de 15%. As exportações regionais para a China seriam as que mais diminuiriam em 2020 (24,4%), com Brasil, Argentina, Chile e Peru como os países mais expostos por esta redução.

 Pouco espaço fiscal

Neste cenário, a Cepal adverte que a região tem pouco espaço para aumentar o gasto público “pelo maior endividamento, o crescente pagamento de juros e os ilimitados ingressos fiscais”.

Em 2019, a dívida pública dos países latino-americanos esteve em média em 44,9% do PIB, segundo a Cepal.

“É urgente acessar recursos financeiros com base em um apoio flexível dos organismos financeiros multilaterais, acompanhado de linhas de crédito de baixo custo, alívios do serviço da dívida e eventuais liquidações”, disse a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, na apresentação do informe.

A Cepal prevê uma extensão da crise por pelo menos três meses.

“As mudanças vão persistir muito além da pandemia”, acrescentou Bárcena, explicando que a emergência obrigará uma maior diversificação da produção regional, aprofundará a automatização das economias e as medidas de distanciamento social adotadas pelas empresas permanecerão por muito mais tempo.

Veja também

Bolsonaro pode ser preso após indiciamento? Entenda os próximos passos do processo

Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21) pelos crimes de abolição …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!