O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) classificou a operação de busca e apreensão cumprida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) na casa dele na manhã desta terça-feira (8) como uma “tentativa clara de interferência do processo eleitoral”. A ação aconteceu a pouco mais de dois meses do primeiro turno das eleições municipais, marcado para 15 de novembro. Paes teve sua candidatura oficializada na semana passada à Prefeitura do Rio pelo partido Democratas.
“Às vésperas das eleições para a Prefeitura, Eduardo Paes está indignado que tenha sido alvo de uma ação de busca e apreensão numa tentativa clara de interferência do processo eleitoral – da mesma forma que ocorreu em 2018 nas eleições para o governo do Estado”, diz Paes em nota.
O mandado de busca e apreensão contra Paes foi expedido pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau, que aceitou a denúncia contra Paes e outros quatro investigados pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) junto à 204ª Zona Eleitoral. Eles são suspeitos dos crimes de corrupção, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Paes afirma ainda que não teve acesso aos termos da denúncia apresentada pelo MP-RJ.
A denúncia do MP-RJ sustenta que Paes teria recebido da Odebrecht aproximadamente R$ 10,8 milhões para financiar sua campanha de reeleição em 2012 por meio de caixa 2. Segundo o jornal O Globo, além do ex-prefeito, foram denunciados o deputado federal Pedro Paulo e os empresários Benedicto Barbosa da Silva Junior, Leandro Andrade Azevedo, o marqueteiro Renato Pereira e Eduardo Bandeira Villela ligados à agência de publicidade Prole.
Para os procuradores, o deputado Pedro Paulo, que era o coordenador da campanha à época, “encarregou-se de gerenciar o recebimento da vantagem indevida, especificando a forma como seria destinada e indicando os responsáveis por sua arrecadação”.
A denúncia é um desmembramento de um inquérito instaurado em abril de 2017 no Supremo Tribunal Federal (STF) para apuração dos crimes de corrupção passiva e corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, supostamente praticados nas campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014, por Paes e Pedro Paulo, com base nas delações de executivos da Odebrecht.
O MP afirma que além das delações, a prática dos crimes é confirmada por “grande volume de provas obtidas de fontes independentes” como guias de transporte de valores e declarações de cinco funcionários da transportadora de valores Trans-Expert que teriam confirmado as entregas de dinheiro em espécie realizadas pela Odebrecht à agência de publicidade Prole, responsável pela campanha de Paes em 2012.
Mesmo com aceitação da denúncia, ele não terá impedimentos para disputar a eleição uma vez que não possui condenação neste processo.