Segundo a coluna de Hanrrikson de Andrade e Luciana Amaral, no UOL, o presidenciável Rodrigo Pacheco (PSD-MG) estaria estagnado e por isso caminha para repetir os passos de outro parlamentar que obteve status de liderança e protagonismo recente no Congresso Nacional: Rodrigo Maia (sem partido-RJ), ex-chefe da Câmara e hoje secretário de Projetos e Ações do governo de São Paulo.
Em 2018, havia ambiente político de intensa polarização (à época Bolsonaro liderava pesquisas, e o PT persistia na possibilidade de lançar Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que o ex-presidente estivesse preso em Curitiba). Maia chegou a lançar pré-candidatura à Presidência, na esperança de se viabilizar como uma opção da “terceira via”. A empreitada, no entanto, não decolou e ele declinou quatro meses depois.
Já Pacheco foi apresentado como postulante à chefia do Executivo federal em outubro de 2021, logo após se filiar ao PSD. Quatro meses depois, em baixa nas pesquisas (as intenções de voto não chegam a 1%), o parlamentar por Minas estaria predisposto a desistir da corrida pelo Palácio do Planalto, segundo avaliam aliados. Há o entendimento de que Pacheco estaria pouco se esforçando para dar luz à pré-candidatura.
Relutante, o cacique da sigla, Gilberto Kassab, é o último obstáculo a ser superado. O ex-prefeito de São Paulo quer que o partido tenha uma candidatura própria ao comando do governo federal.
Planos B e C e Moro
Nos bastidores, como planos B e C, Kassab tem se movimentado para atrair políticos que, em tese, teriam mais visibilidade do que o senador: casos de Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul pelo PSDB) e Paulo Hartung (ex-governador do Espírito Santo).
Além do acirramento do cenário político, que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL) com potencial favoritismo, pesa contra a candidatura de Pacheco a possível chapa encabeçada pelo ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos), que também se apresenta como “terceira via”.
O ex-magistrado da Operação Lava Jato tem evoluído em pesquisas eleitorais divulgadas recentemente e, sobretudo se a aliança com o União Brasil (fusão de DEM e PSL) for concretizada, deve representar uma opção mais viável para o eleitorado que se vê representado pelo campo de centro-direita.
Comando do Senado
Paralelamente, Pacheco tem manifestado a aliados o interesse de renovar o mandato bienal à frente da Presidência do Senado —o próximo pleito ocorrerá em fevereiro de 2023.
Segundo a avaliação de um correligionário, esse seria “o melhor caminho” para o senador, também do ponto de vista de sua carreira na política. A decisão derradeira quanto ao futuro de Pacheco deve ser anunciada em março, no limite do calendário eleitoral.
Na corrida eleitoral de 2018, a pretensão de Maia de chegar ao comando do Planalto teve fim em um cenário semelhante. No ano seguinte, em fevereiro de 2019, então figura expressiva nas fileiras do Democratas, o ex-presidente da Câmara dos Deputados se reelegeu para mais dois anos de mandato na Casa. Ele foi substituído por Arthur Lira (PP-AL), eleito ao posto em fevereiro de 2021.
PSD é cortejado por Lula
Kassab tem insistido na ideia de lançar uma candidatura própria do PSD à Presidência, mas não fechou as portas para uma possível aliança com o PT, de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente tem cortejado a sigla para formar uma ampla aliança de centro-esquerda ainda no primeiro turno da campanha deste ano.
A hesitação de Pacheco tem sido encarada por petistas como uma brecha para investidas em prol da aliança, segundo reportagem publicada pela Folha de S.Paulo. Ao longo dos últimos meses, os correligionários de Lula guardavam ceticismo em relação a essa união.
Agora, no entanto, integrantes do PT se mostram dispostos a abrir negociações que podem envolver o apoio do partido ao PSD em estados estratégicos (como Minas Gerais) e a reeleição de Pacheco na presidência do Senado —além da vaga de vice na chapa de Lula.
Por enquanto, as apostas sobre uma aliança se restringem a alguns articuladores petistas, mas mesmo integrantes do PSD dizem não descartar essa possibilidade.
Dirigentes do PT desejam que o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (sem partido) se filiasse ao PSD para ocupar a função de vice na chapa do ex-presidente Lula. Alckmin chegou a negociar uma entrada no PSD no ano passado, mas para disputar o governo de São Paulo, não a vice-presidência. O ex-tucano também está na mira do PSB.