Enquanto a freira gaúcha Inah Canabarro Lucas, de 116 anos, foi oficialmente reconhecida como a pessoa mais velha do mundo, familiares de Deolira Glicéria Pedro da Silva, moradora do bairro Frigorífico, em Itaperuna (RJ), reivindicam o título para ela.
De acordo com sua certidão de nascimento e carteira de identidade, dona Deolira completará 120 anos no próximo dia 10 de março. No entanto, para ser incluída no Guinness World Records, é necessário atender a critérios rigorosos, como explica o geriatra Juair de Abreu Pereira, que acompanha a idosa e auxilia a família na busca por comprovações.
— O Guinness exige documentos complementares, como certidões de nascimento e casamento, para validar o recorde — explicou o médico.
Dona Deolira perdeu seus documentos originais em uma enchente em 2007. Apesar de já terem sido obtidas segundas vias da certidão de nascimento e da identidade, encontrar outros registros tem sido um desafio, especialmente os relacionados à igreja. A busca incluiu visitas à paróquia mais antiga de Natividade e ao bispado da região, mas sem sucesso.
— Agora, um advogado sugeriu que busquemos junto ao INSS a comprovação da idade de dona Deolira, e faremos isso nos próximos dias — afirmou Juair.
Como registrar um recorde no Guinness World Records
Para figurar no livro dos recordes, é necessário fazer uma inscrição no site oficial do Guinness (https://www.guinnessworldrecords.com.br/), relatando o feito e apresentando provas documentais. Após o envio, uma equipe analisa as informações e realiza pesquisas para validar o recorde.
No caso da freira Inah Canabarro Lucas, o reconhecimento foi certificado pela LongeviQuest, uma instituição internacional especializada em monitorar supercentenários. Nascida em 8 de junho de 1908, em São Francisco de Assis (RS), Inah assumiu o título de pessoa mais velha do mundo após a morte da japonesa Tomiko Itooka, em 29 de dezembro de 2024, também aos 116 anos.
Inah e Deolira fazem parte de um seleto grupo de 60 supercentenários brasileiros que contribuíram com material genético para uma pesquisa do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP. Financiado pela FAPESP, o estudo busca identificar fatores genéticos que possibilitam uma vida longa e saudável.
A comemoração dos 120 anos de dona Deolira
A família de dona Deolira já planeja uma festa em março para celebrar os 120 anos da matriarca, nascida em Porciúncula (RJ), em 1905, conforme registrado em sua carteira de identidade. O evento promete reunir filhos, netos, bisnetos e tataranetos, além de comemorar a chegada iminente do primeiro membro da quinta geração da família.
— A ideia é unir todos os parentes para essa celebração especial — contou a neta Doroteia Ferreira da Silva.
Doroteia também revelou que a avó, apesar da idade avançada, mantém-se interativa com a família.
— Ela adora dormir, mas às vezes se lembra de histórias antigas ou de familiares — compartilhou.
Segundo o geriatra, dona Deolira está em recuperação de uma queda recente, mas apresenta um bom estado de saúde para sua idade.
— Ela está se alimentando bem, conversando e convivendo com seus familiares — concluiu o médico.