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terça-feira 9 de novembro de 2021 às 07:27h

Otto Alencar fala sobre 2022 e diz qual o cargo de sua preferência

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O senador Otto Alencar (PSD) sinaliza pela primeira vez que deve tentar a reeleição ao Senado Federal. Em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, o parlamentar afirma que está ouvindo correligionários para tomar uma decisão sobre 2022.

Tribuna – Qual é a sua avaliação das conclusões da CPI da Covid? 

Otto Alencar – Todas as avaliações, menos pelos bolsonaristas, são altamente positivas. Primeiro, porque obrigou o Bolsonaro a comprar a vacina. Ele negava de forma veemente a compra de vacinas. Tanto que desqualificou a Pfizer, a Coronavac e, depois da CPI, quando ele viu a tradição dela, ele resolveu tomar o caminho e comprar a vacina para imunizar e salvar tantos brasileiros. Outros tantos não tiveram oportunidade de receber a vacina e nós contabilizamos já seiscentos e oito mil óbitos. Vacinados desde dezembro do ano passado e janeiro deste ano, evitaríamos pelo menos 50% de todas as mortes. O presidente é muito culpado por isso e, nesse sentido, ele foi imputado aí em nove crimes de responsabilidade: charlatanismo em alto grau; prevaricação; estimular a disseminação da doença; estimular a atividade coletiva ou imunidade de rebanho; a advocacia administrativa…. E o que nós esperamos é que o Procurador-Geral da República denuncie ao colegiado que vai julgá-lo, que é o Supremo Tribunal Federal. Além de outros tantos criminosos que fecharam os olhos para a doença tão grave que se disseminou no nosso país.
Tribuna – Apesar dessas dificuldades aí relacionadas à vacinação, acredita que o Brasil hoje acabou vitorioso nesse processo de vacinação da população? 

Otto Alencar – Vitorioso com seiscentas e oito mil mortes? A vacina atrasou três meses. Agora, está chegando até 50% ou 60% da vacinação. Não, não é um ponto ainda confortável. Tem já estados que estão tendo casos de recrudescimento. Só vai ficar confortável quando estiver com 70% ou 80% da população vacinada com as duas doses. Hoje são cinquenta e poucos por cento com duas doses… O bom seria não perder tantas vidas, mas quando você passa a ter perdas diárias de várias pessoas, tem algumas pessoas que já se acostumam com a morte. Eu não sou contra a morte, sou a favor da vida, já que eu sou médico. Eu não vou dizer eu enquanto tiver morrendo gente.

Tribuna – Qual é a sua avaliação da política de preços da Petrobras? O senhor acha que deve ser alterada? É uma política que está disparando os preços dos combustíveis e também puxando a inflação… 

Otto Alencar – A política de preços só serve aos grandes bancos, grandes investidores que estão lucrando como nunca lucraram na história da Petrobras. Eu fiz um requerimento, para ser votado na próxima terça-feira [hoje], convocando o presidente da Petrobras, o Silva e Luna, e o Ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, para uma audiência pública na comissão que eu presido sobre Assuntos Econômicos. É um absurdo praticar preços de paridade internacional. Uma PPI, um absurdo, porque 70% – tanto da extração de petróleo, quanto de refino de petróleo -, tem custo em Real e 30% é custo em dólar. Como é que eles podem colocar toda a paridade em dólar? Aqui no Brasil, os funcionários da Petrobras ganham em Real; Para o transporte, locomoção em Real; Energia, em Real; Água, em Real; Custeio administrativo na máquina pública, em Real. Tudo é em Real. Por que tem que dolarizar com o derivado do petróleo? O Brasil está exportando um absurdo, uma vergonha para a Petrobras estar exportando óleo cru – quando deveria estar refinando o seu petróleo aqui dentro do país mesmo. Mataripe, da Bahia, está funcionando com 60% da sua capacidade de refino instalada. Outras tantas cidades do Brasil, é a mesma coisa. E o óleo cru sem pagar imposto na exportação. Nós queremos que a exportação do óleo cru para fora, para ser refinado fora, pague o imposto.

Tribuna – O governo federal está sendo omisso diante do descontrole inflacionário e também do recrudescimento da miséria e da fome no Brasil? 

Otto Alencar – Olha, para ser objetivo e honesto, a pandemia causou, sem dúvida nenhuma, desemprego. Causou crise em alguns setores da economia brasileira, sobretudo no setor de serviço, e isso de alguma forma contribuiu. Mas existe um percentual muito grande de erros cometidos pela política econômica do governo Bolsonaro. Em 2019 teve pandemia? Não, não teve, né? Qual foi o crescimento do PIB em 2019? 1,14%. Um crescimento pífio. Encolheu se comparado com 2018 – quando se cresceu 1,5% no último ano do governo Temer. Bolsonaro sem pandemia cresceu com 1,14. Por quê? Porque a política liberal do ministro Guedes em 2019 segurou o dinheiro, dinheiro de recursos da ordem de 580 bilhões de reais presos em depósitos compulsórios dos bancos; 520 bilhões de reais presos no Banco Central, precisando que esses recursos pudessem circular para a economia crescer. A economia só cresce quando o dinheiro, a custo módico, circula na mão de quem produz e de quem compra. Então, essa política de apenas achar que só a iniciativa privada pode promover desenvolvimento econômico, geração de emprego num país em desenvolvimento é uma política errada. Pode servir para os países ricos, mas não para um país em desenvolvimento. A política do Guedes, liberal e radical, foi nociva para o Brasil.

Tribuna – Na sua opinião, o Auxílio Brasil é um projeto sustentável a longo prazo? Inclusive a Câmara aprovou a PEC 23, que seria pra ajudar a sustentar o programa. 

Otto Alencar – O Auxílio Brasil é até dezembro de 2022. O programa sustentável é um programa para sustentar o Bolsa Família, que é o fundo de combate à pobreza lá atrás criado ainda pelo ex-governador e ex-senador Antônio Carlos Magalhães. Tem que ter um problema sustentável. Agora, o governo tergiversa quando o governo diz que esse dinheiro iria sair da reforma do Imposto de Renda, o que é uma mentira. A falta de verdade é desavergonhada. Porque, como a reforma do imposto de renda que o Governo Federal vai perder, se reformar, 24 bilhões de reais por ano. Os estados perdem 12 bilhões de arrecadação por ano e os municípios perdem também 12 bi por ano de arrecadação. Então, a reforma do Imposto de Renda perde arrecadação. E o Governo pensa que, quem está do lado de cá, quem está no Senado, pensa que nós somos bobos. Como é que um uma proposta de Imposto de Renda perde arrecadação? E ele disse que vai tirar esse dinheiro para financiar o Auxílio. A PEC que está aprovada agora teve incluído o refinanciamento das dívidas dos municípios com o INSS em 240 meses, descontando do Fundo de Participação até 2% da receita corrente líquida e colocou Auxílio Brasil até 2022. Ou seja, uma posição muito política, quando se devia fazer o projeto, como o Bolsa Família, permanente. Além disso, tem a questão dos precatórios. Na questão dos precatórios, eles não queriam colocar data para pagamento, mas ontem se negociou pagar os precatórios da Bahia, Pernambuco e Ceará em três parcelas: 40% em 2022, 30% em 2023; e 30% em 2024. Com isso, os recursos chegando no próximo ano, os governadores dos três estados terão disponibilidade de já aplicar esses recursos. Até porque, não ia dar, por exemplo, para a Bahia, que tem a receber aí algo em torno de quase 10 bilhões de reais e já gastar no ano de 2022. Não teria nem como gastar isso. Então, se parcelou, se colocou na PEC e deu uma condição de conforto – mesmo assim, apertado – para a aprovação.

Tribuna – O governador Rui Costa criticou os deputados aliados que votaram a favor da PEC… 

Otto Alencar – Quem sugeriu o parcelamento em três parcelas [dos recursos do Fundef] foi o governador Rui Costa. O governador me autorizou a conversar com o presidente Arthur Lira. Conversei com a bancada, com o presidente Arthur Lira e depois conversei com o governador sobre o assunto. Conversei com o governador e ele não me pediu que orientasse o voto contra.

Tribuna – Na semana passada saiu uma pesquisa contando com o ex-presidente Lula à frente de Bolsonaro no cenário para 2022. Se a eleição fosse hoje, o senhor acha que, de fato, Bolsonaro perderia a disputa? 

Otto Alencar – Bolsonaro ainda não tem nem partido. Tenho a impressão que o Bolsonaro não vai ser candidato. Como não foi Michel Temer, tão grande foi o desgaste dele. Então, o Bolsonaro vem perdendo pontos percentuais na avaliação há muito tempo. Essa posição do presidente Lula, é uma posição muito consolidada, 45% e 47% dos votos. Então, o Presidente da República que faltando 11 meses para a eleição, não tem nem partido ainda? Alguém com boa consciência vota num presidente, e elege ele, sem partido? Ele não vai fazer deputados, ele não vai ter lastro na Câmara ou no Senado. Alguém, por voto de opinião, que conhece política, vota num candidato com esse perfil? Absolutamente não. Ou seja, Ele não tem ideologia, não tem compromisso, não tem partido. Só tem uma coisa que ele é craque: fake news. Briga com a verdade e se abraça com a mentira.

Tribuna – O PSD terá candidato a Presidente da República, senador? 

Otto Alencar –  Olha, o pré-candidato que o presidente Kassab lançou foi o presidente Rodrigo Pacheco. Ele foi citado, mas não confirmou ainda se será ou não. Então, a gente aguarda que ele confirme ou não a candidatura.

Tribuna – Para o ano que vem, quais são os planos do PSD na Bahia em termos de candidatos a deputados estaduais e federais? 

Otto Alencar – O plano na Bahia é manter a aliança que nós temos aqui já há algum tempo com os partidos da base e temos muitos candidatos a deputados estaduais e federais.

Tribuna -Para a chapa majoritária, o senhor deve buscar a sua recondução ao Senado? Quais são os seus planos? 

Otto Alencar – Dentro do meu partido, tenho ouvido prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, o meu companheiro e amigo Angelo Coronel – a quem ouço muito – para uma posição dentro da chapa majoritária e, no meu caso, preferencialmente, a reeleição ao Senado.

Tribuna – Como é que o senhor avaliou essa fusão do PSL com o Democratas, dando origem ao partido União Brasil? Acha que traz algum tipo de fortalecimento a ACM Neto no ano que vem? Como é que o senhor avalia esse movimento? 

Otto Alencar – Não costumo avaliar os movimentos dos partidos que eu não participo. Só posso avaliar do meu partido. Não tenho, assim, visão do que vai acontecer. Desejo boa sorte, mas eu não posso avaliar o que vai acontecer com essa fusão.

Tribuna – Caso o presidente Jair Bolsonaro seja realmente candidato, o senhor acha que ele terá algum palanque na Bahia? Algum candidato vai dar abertura para ele nesse sentido? 

Otto Alencar – Eu não sei. Ele não tem nem partido ainda. O Bolsonaro só pode ser avaliado como candidato quando ele tiver partido, filiação partidária. Ele já tentou como Patriota e não deu certo. Está com o PL do Valdemar Costa Neto e não deu certo. Agora está tentando talvez com o Partido Progressista, que é um partido forte nacionalmente e também aqui na Bahia. Até agora não tem partido. Portanto, para ser um candidato, no mínimo, ele precisa ter partido. Por enquanto, Bolsonaro é um pré-candidato sem partido, na minha opinião.

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