O senador Otto Alencar (PSD) confirmou, na última segunda-feira (5) uma versão segundo Rodrigo Daniel Silva , do Tribuna da Bahia, que circula há meses no meio político baiano de que havia resistência de aliados governistas ao vice-governador João Leão (PP) assumir o governo da Bahia. Leão combinou com o senador Jaques Wagner (PT) que o governador Rui Costa (PT) renunciaria ao posto para que ele fosse governador tampão por oito meses.
“Tinha uma dificuldade muito grande na época de se passar o governo para o então vice-governador João Leão. Ele assumiria o governo para fazer a transição. (Havia resistência) de alguns setores que às vezes questionavam isso”, disse Otto Alencar, em entrevista à rádio Metrópole.
O rumor era de que a resistência partia do próprio PSD. Isto porque lideranças do partido temiam que Leão invadisse as bases da legenda no interior do estado. Além disso, houve, por decisão do atual ministro-chefe da Casa e presidente nacional licenciado do PP, Ciro Nogueira, uma intervenção para beneficiar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). O PP apoiou, nacionalmente, à reeleição de Bolsonaro.
Otto sugeriu ainda que não foi candidato a governador da Bahia porque não teve tempo para se preparar. No início deste ano, o senador Jaques Wagner (PT) decidiu não ser postulante ao Palácio de Ondina, e Otto foi cotado para subtítulo nesta missão. “Não era meu projeto. Não tinha essa perspectiva de ser candidato ao governo. Foi muito em cima”, declarou. O senador do PSD fez questão de dizer que, se fosse candidato a governador, teria o apoio da maioria do PT. “(Até porque) não tem aliado mais correto e leal do que eu. Nunca fraquejei”, pontuou.
Publicamente, parlamentares do PT mostraram, no entanto, resistência à hipótese de Otto ser o candidato, pois queriam um nome do partido para disputar o governo da Bahia.
Ainda na entrevista, o senador do PSD declarou que se reuniu com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, no encontro, confirmou apoio do seu partido ao futuro governo petista. Segundo ele, Wagner esteve no encontro. “As primeiras tratativas (com Lula) já foram concluídas. Foi uma reunião que nós tivemos com o presidente Lula na terça-feira da semana passada lá no hotel (em Brasília), onde (ele) estava hospedado. Levamos o apoio do PSD na Câmara e no Senado. Tive várias reuniões com senadores do PSD. Nem todos votaram com o presidente Lula, alguns votaram no Bolsonaro. Mas depois de duas reuniões nós conseguimos que os 11 senadores do PSD tomassem o compromisso de apoiar a PEC da Transição e também participar da base de sustentação do governo”, disse Otto, ao salientar que 32 dos 44 parlamentares federais do partido também vão apoiar Lula.
O senador pessedista contou também que, em breve, deve ter novo encontro com o presidente eleito para tratar da participação da sua sigla no novo governo.