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domingo 22 de janeiro de 2023 às 07:55h

Os riscos de ser pai em idade avançada

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Um homem saudável produz entre 60 e 100 milhões de espermatozoides por dia. Esse número diminui com a idade, enquanto aumentam as mutações, acentuando o risco de problemas de saúde para a prole.Os homens geralmente são férteis até uma idade avançada, mas o também para eles o relógio biológico segue correndo e deixando suas marcas. Por exemplo, é mais provável que haja mutações no material genético, explica o andrologista e urologista Christian Leiber-Caspers.

“Vários estudos descobriram que homens na faixa dos 40, 50 ou 60 anos apresentam essas alterações.” Ele é o chefe do departamento de Andrologia no Hospital Maria Hilf, de Krefeld, na Alemanha. “Estatisticamente, o risco de possíveis danos ou malformações nos descendentes é maior.”

A probabilidade de mutações nos espermatozoides aumenta com o avanço da idade dos homens. Como todo o genoma é copiado a cada vez, há risco de erros menores ou maiores, que podem se multiplicar ao longo dos anos. Além disso, a capacidade do corpo de reparar automaticamente possíveis defeitos no material genético não funciona tão bem em indivíduos mais idosos.

Se um homem de 20 a 30 anos passa cerca de 20 mutações para seu filho, na casa dos 40 anos a média já seria de 60 mutações. O filho de um homem mais velho, por sua vez, transmitirá um grande número de novas alterações genéticas ao próprio filho, que por sua vez as transmitirá ao seu descendente masculino.

Mulheres têm número de óvulos limitado

Quando nasce, a mulher possui um número limitado de óvulos, que diminuem ao longo da vida. Quando acabam, chega a menopausa. Um homem, por outro lado, está constantemente produzindo novos espermatozoides.

“Presumimos que um jovem saudável tenha mais de 39 milhões de espermatozoides numa amostra de esperma. E há homens que ejaculam 200, 300 ou até 400 milhões de espermatozoides de uma só vez. Mas, apesar desses números, ao fim é apenas um único que fertiliza o óvulo.”

Aqui ocorre uma seleção intensiva para que apenas o gameta mais apto – mais móvel, melhor, mais bonito – tenha chance de entrar no óvulo: todos os demais fracassam. Mas, mesmo que cerca de 90% dos espermatozoides não correspondam ao tipo ideal e até apresentem certos defeitos, do ponto de vista biológico isso não é problema, afirma Leiber-Caspers.

Paternidade cada vez mais tardia

A idade média das mães que têm seu primeiro filho continuou aumentando nos últimos anos na Alemanha e, de acordo com o Departamento Federal de Estatística, foi de 30,2 anos em 2020. Uma gravidez acima dos 35 anos já é considerada de alto risco. A criança pode desenvolver, por exemplo, trissomia 21, também conhecida como síndrome de Down. Também os homens estão se tornando pais cada vez mais tarde, sendo a média 33,2 anos.

Na última década, a pesquisa se concentrou em como funcionam os relógios biológicos dos homens e os riscos associados à paternidade tardia. Até agora, no entanto, isso não levou a resultados concludentes ou recomendações claras. A realização de tais estudos é complicada, porque também os dados da mãe precisam ser considerados. E assim as combinações possíveis são quase infinitas.

“É difícil ver exatamente quais fatores individuais podem ser decisivos para a saúde da criança”, explica Leiber-Caspers. “No entanto, em certas doenças é relativamente certo que a idade avançada do pai desempenha um papel.”

Pais mais velhos têm maior risco passar doenças

E enquanto a trissomia 21 é principalmente devida à mãe, já foram identificadas cerca de 20 doenças hereditárias influenciadas pela idade do pai. Ela desempenha um papel nos transtornos mentais como a esquizofrenia ou transtorno bipolar.

Crianças concebidas quando o pai é mais velho têm maior probabilidade de sofrer doenças mentais. Na paternidade depois dos 45 anos, há 3,5 vezes mais propensão a desenvolver autismo do que na faixa dos 20 anos.

Outro risco hereditário é o da síndrome antifosfolipídica (SAF), uma enfermidade autoimune muito séria, que pode se manifestar em forma de embolia pulmonar, artrite ou em distúrbios de memória e epilepsia.

Além disso, constatou-se uma prevalência do distúrbio de déficit de atenção (DDA) 13 vezes maior em filhos com pais mais velhos, e até 25 vezes maior no caso do transtorno bipolar.

Mas também há vantagens

Contudo tudo isso “pode”, e não necessariamente “tem que” acontecer.

No aspecto social, a paternidade tardia até pode ter vantagens: os homens estão profissionalmente estabilizados, financeiramente assegurados e dispõem de uma boa rede social. Em idade mais avançada, podem dedicar mais tempo aos filhos do que os mais jovens, ainda ocupados com a consolidação profissional, por exemplo.

E mesmo que o espermatozoide de um homem de 40, 50 ou 60 anos não seja mais tão rápido quanto o de um jovem, um pai com mais de 35 anos talvez seja um pouco mais relaxado e também um pouco mais generoso ao lidar com os descendentes.

“Um homem de 60 anos de idade segundo a certidão de nascimento, talvez tenha apenas 50 ou 55 anos biologicamente. Mas é claro que se pode discutir se alguém aos 70 ainda pode cumprir o papel de ser pai da mesma maneira e realmente acompanhar seus filhos como um homem de 25 ou 30 anos”, observa Leiber-Casters.

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