Após livrar-se da última condenação da Lava Jato, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha começa a traçar planos segundo o Agenda do Poder, para sua “rentrée” efetiva na militância política. A campanha a federal por São Paulo, ano passado – malsucedida – funcionou como uma espécie de aquecimento para o retorno pleno e livre de questionamentos judiciais agora.
Ao concorrer no estado vizinho, Cunha se fiou exagerademente no suposto antipetismo dos paulistas. Pela primeira vez, buscou o chamado voto de opinião e não montou grandes esquemas de campanha. Achava a aversão ao PT de parcela do eleitorado lhe garantiria a vitória, pois, acreditava encarnar como legitimidade o papel de principal algoz do partido. Deu com os burros n’água: conseguiu míseros 5 mil votos.
Mesmo antes de se desvencilhar da última amarra judicial, o polêmico Eduardo Cunha já havia tomado algumas decisões apontando para o futuro: resolveu deixar o PTB, partido pelo qual disputara o pleito em São Paulo, mas ainda não escolheu seu destino partidário. Quer deixar a filiação para mais à frente, ganhando tempo para uma avaliação cuidadosa sobre a sigla mais conveniente.
Eleita com 75 mil votos pelo União Brasil, sua filha, Dany Cunha, pretende migrar para o Republicanos, insatisfeita com os rumos no Rio da sigla comandada pela dupla Bivar-Rueda.
É bem provável que – a exemplo do Nélson e Felipe Bornier em 2006, quando pai e filho se elegeram para a Câmara Federal – Eduardo Cunha tente uma vaga juntamente com a filha em 2026, dividindo com a ela o trabalho político por regiões do estado.
Com a decisão da 2ª Turma do STF nesta segunda-feira, todas as sentenças contra Eduardo Cunha estão formalmente anuladas. Em 2021, o próprio STF e o TRF de Brasília já haviam anuladoo duas outras de suas três condenações na Lava Jato.