Apesar de ainda ser líder das pesquisas presidenciais Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser o cabo eleitoral dos sonhos para muitos governadores em todo o Brasil, chama a atenção que, em quatro dos colégios eleitorais mais importantes do país onde o ex-presidente conta com um apoio expressivo — Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco –, a sua bênção ainda não tenha embalado os candidatos regionais a três meses das eleições, diz a coluna Maquiavel, da revista Veja.
A Bahia é um dos exemplos mais emblemáticos desse paradoxo. Lá, segundo pesquisa Genial/Quaest de 9 a 12 de julho, Lula tem 62% das intenções de voto. Enquanto isso, seu candidato, o ex-secretário da Educação Jerônimo Rodrigues (PT), que concorre pela primeira vez a um cargo majoritário, tem apenas 11%. Jerônimo está empatado na margem de erro de 2,9 pontos com João Roma (PL), ex-ministro da Cidadania e candidato de Jair Bolsonaro, e bem atrás do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), que lidera com 61%. Rodrigues é o nome apoiado pelo atual governador, Rui Costa (PT), cujo mandato é considerado positivo por 43% dos eleitores baianos (e negativo por apenas 17% deles), e num estado onde o PT governa desde 2006.
Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais vive um cenário semelhante. Para os mineiros, de acordo com levantamento da Quaest no início de julho, Lula é o favorito entre os presidenciáveis, com 46% das intenções de voto. Foi de olho nesse cabo eleitoral que o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), fechou a aliança estadual com o ex-presidente em maio. Dez dias antes, a Quaest posicionou Kalil com 30%, atrás do governador Romeu Zema (Novo), que somava 41%. Depois de dois meses de “Kalil é Lula, Lula é Kalil”, o slogan adotado pela campanha, o ex-prefeito caiu para 26%, enquanto Zema subiu para 44%.
No terceiro maior colégio eleitoral, o Rio de Janeiro, o atual candidato lulista tem um desempenho um pouco melhor: Marcelo Freixo (PSB) possui 22% das intenções de voto no estado, segundo pesquisa Genial/Quaest feita entre 8 a 11 de julho, e está empatado na margem de erro de 2,8 pontos percentuais com o governador bolsonarista Cláudio Castro (PL), que tem 24%. Ainda assim, Freixo está longe do percentual de votos que Lula teria no estado, de acordo com o mesmo instituto, que é de 39%.
Pernambuco foi o destino de viagem de Lula em 20 de julho último, onde participou de atos com o objetivo de alavancar a campanha de Danilo Cabral (PSB), outro candidato a governador lulista com dificuldades estaduais. Cabral tem apenas 10% das intenções de voto e, apesar do seu cabo eleitoral ter 62% na corrida presidencial dentro do estado, está atrás de Marília Arraes (SD) e empatado na margem de erro com Raquel Lyra (PSDB), Anderson Ferreira (PL) e Miguel Coelho (União), segundo pesquisa IPESPE de julho.