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Ulysses Guimarães, Eduardo Cunha e Arthur Lira — Foto: Fundação Ulysses Guimarães/ Jorge William/ Agência O Globo
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domingo 1 de outubro de 2023 às 13:54h

Os debates políticos que rodearam os partidos de centro no Brasil desde a Constituinte

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A formulação da Constituição Federal marcou o início de um grupo político que, à época, se autointitulava Centro Democrático ou “Centrão”. Antes que o texto fosse aprovado, este bloco fez requisitos aos deputados constituintes, marcando o começo de uma política que ocorre até hoje no Congresso Nacional. Após a promulgação da Constituição, o termo “Centrão” caiu em desuso diz  Marlen Couto , do O Globo, até ser ressuscitado pelo pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), em 2015 e, posteriormente, por Arthur Lira (PP-AL).

Veja atuação do Centrão em três momentos:

Pautas e ajustes na Constituinte (1987 e 1988):

Presidencialismo

O texto da chamada Comissão de Sistematização previa quatro anos de mandato para Sarney e a adoção do parlamentarismo. Com o apoio do Centrão e em meio a negociações de cargos, foram aprovados o presidencialismo e mandato de cinco anos para o então presidente.

Reforma agrária

O Centrão retirou da Constituição a desapropriação de terras produtivas por descumprir função social, que estava na proposta do relator, Bernardo Cabral, e era apoiada pela esquerda e parte do PMDB de Ulysses Guimarães, que presidia a Constituinte.

Estabilidade no emprego

O grupo costurou um acordo, que deixou de fora deputados de esquerda, que fixou pagamento de indenização aos trabalhadores no caso de demissão sem justa causa. A versão anterior previa a estabilidade a não ser em situações de falta grave e motivo econômico.

Licença-paternidade

O Centrão era inicialmente contra, mas membros do bloco negociaram sua permanência no texto. Foi fixada a necessidade de uma lei para definir sua duração. O tema é hoje alvo de ação no STF que aponta omissão do Legislativo na regulamentação.

Pautas apoiadas na retomada do Centrão (2015 a 2017)

Impeachment de Dilma

Pautado pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB), em meio a dificuldades do bloco na negociação política com o governo, o processo de impeachment teve apoio expressivo do Centrão, que passou, em seguida, a sustentar o governo de Michel Temer.

Imposição de emendas parlamentares

Também com apoio de Cunha, foi aprovada, em 2015, uma PEC que estabelece a execução obrigatória das emendas parlamentares ao Orçamento. Foi fixado um limite de 1,2% da receita corrente líquida (RCL) realizada no ano anterior.

Maioridade penal

Em 2015, deputados do grupo, sob comando de Cunha, articularam a aprovação na Câmara de uma proposta que diminui a maioridade penal de 18 para 16 anos em alguns casos. O texto não avançou no Senado.

Reforma trabalhista

O bloco foi decisivo para a aprovação em 2017 da legislação que alterou regras da CLT, defendida pelo governo Temer. Boa parte dos deputados dos partidos com cargos no Executivo votou a favor do texto, embora tenham ocorrido “traições”.

Pautas apoiadas pelo atual Centrão no Congresso (2023)

Reforma tributária

O bloco é decisivo para aprovação de pautas econômicas consideradas prioritárias para o governo, como a reforma tributária, aprovada na Câmara, e o novo arcabouço fiscal, que substituiu o chamado teto de gastos, o que também já levou à negociação de cargos no governo.

Marco Temporal

Partidos do Centrão com ministérios votaram pela aprovação da tese, que define o ano de 1988 como marco para demarcação de terras indígenas (entendimento declarado inconstitucional pelo Supremo).

Reforma administrativa

O grupo, representado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer pautar uma reforma do funcionalismo público que sofre resistência na Fazenda. O objetivo é retomar um projeto de iniciativa do Executivo sob comando de Jair Bolsonaro.

“Discriminação” a políticos

Embora tenha recebido apoio para além do Centrão, a proposta foi elaborada pelo bloco. O texto, já aprovado pela Câmara, pune instituições financeiras que se neguem a abrir contas ou conceder crédito para políticos.

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