Ao ser informado na tarde desta segunda-feira (14) sobre as declarações de Fernando Haddad a respeito do “poder muito grande” da Câmara dos Deputados, que não pode ser usado “para humilhar o Senado e o Executivo”, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) inicialmente não acreditou que elas haviam sido feitas pelo ministro da Fazenda — que vinha sendo o integrante do governo Lula mais elogiado por ele.
Lira então recebeu o vídeo da entrevista concedida ao podcast Reconversa, com Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde, e ficou “muito puto” com o que ouviu, nas palavras de um interlocutor. E fez questão de enviá-lo na mesma hora a um grupo de mensagens que mantém com líderes partidários.
Entre os parlamentares, as reações foram rápidas e igualmente irritadas com as falas de Haddad, que foram tomadas como um ataque à Casa como um todo. Logo, deputados começaram a dizer que não haveria clima para discutir o projeto do arcabouço fiscal nesta segunda, com a participação do ministro. “Cancela a reunião”, pediram líderes, sendo atendidos.
Lira então recebeu o telefonema do ministro, relatado pelo próprio à imprensa, e pediu que ele fizesse um esclarecimento. Após a conversa, ele não pretendia, à princípio, fazer nenhuma manifestação pública sobre as declarações de Haddad. Mas mudou de ideia depois de assistir à entrevista do ministro na frente do Ministério da Fazenda. E usou as redes sociais para dar sua resposta, no início da noite:
“Manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e construção de pontes tão necessários para que o país avance!”, escreveu Lira.