Com a Hungria na presidência rotativa da União Europeia, autocrata visita sua contraparte russa em tentativa de mediar a guerra na Ucrânia.Após ter visitado a capital ucraniana Kiev no início da semana, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, reuniu-se em Moscou nesta sexta-feira (5) com o presidente russo, Vladimir Putin, em uma tentativa de atuar como mediador da guerra na Ucrânia.
É a terceira vez que Orbán encontra Putin desde o início da invasão em larga escala na Ucrânia, em fevereiro de 2022. O autocrata húngaro tem bloqueado ajuda da União Europeia a Kiev e sanções à Rússia.
“Entendo que desta vez você veio não apenas como um parceiro de longa data, mas também como presidente do Conselho Europeu”, disse Putin a Orbán. “Espero que me diga qual é a sua posição [em relação à Ucrânia] e a dos parceiros europeus”, acrescentou.
Orbán disse que seu país usaria o mandato de seis meses na presidência rotativa da União Europeia para promover uma paz negociada na Ucrânia.
“Não se pode fazer a paz de uma poltrona confortável em Bruxelas… não podemos sentar e esperar que a guerra acabe milagrosamente”, escreveu ele no X, antigo Twitter.
Otan foi informada sobre a visita de Orbán a Moscou
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disse que a aliança militar foi informada com antecedência sobre a viagem. Orbán viajou na condição de primeiro-ministro húngaro e não representará a organização, acrescentou.
A Hungria aderiu à Otan em 1999, e Orbán assumiu o poder em 2010. Ao contrário de outros líderes da aliança, o líder húngaro continuou a manter laços estreitos com a Rússia mesmo com a guerra em curso. Os 32 líderes da aliança militar devem se reunir na próxima semana para a cúpula anual, em Washington.
Críticas de outros líderes da UE
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu que “o apaziguamento não deterá Putin”. “Somente a unidade e a determinação abrirão o caminho para uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia”, escreveu ela no X.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, foi mais contundente ao dizer que Orbán não representa a União Europeia em sua visita. Ele definiu o encontro como uma reunião bilateral entre Moscou e Budapeste.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que a “mensagem clara do bloco é que a Ucrânia pode contar com nossa solidariedade, e que Putin não espere por um enfraquecimento da nossa solidariedade e nosso apoio”.
A presidência de seis meses da Hungria na UE dá ao país da Europa Central influência sobre a agenda e as prioridades do bloco durante esses meses.