A Operação Sequaz, deflagrada pela Polícia Federal nesta última quarta-feira (22), se transformou em embate entre oposição e integrantes do governo Lula. O plano do PCC que tinha como alvo o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya resultou em uma disputa de narrativas.
Na véspera da operação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, durante entrevista, que, enquanto esteve preso em Curitiba, pensava: “Só vou ficar bem quando f* com o Moro”. A proximidade entre a declaração do petista e a operação da PF mobilizou o Planalto.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, convocou às pressas uma coletiva de imprensa e afirmou que as tentativas de associar o presidente às ações de grupos criminosos eram “perversas” e “fora de propósito”, diz Ândrea Malcher, do Correio Braziliense.
Mais cedo, Flávio Dino, ministro da Justiça, também veio a público refutar a vinculação do presidente com o caso. “É vil, leviano e descabido”, disse. “É mau-caratismo tentar politizar uma investigação séria. Investigação essa que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo.”
Segundo Dino, “não se pode pegar isoladamente uma declaração de ontem, literalmente, e vincular a uma investigação de meses”. Ele ressaltou que, desde janeiro, autoridades tinham conhecimento do plano contra Moro e vinham acompanhando os movimentos do grupo criminoso.
Parte da oposição, porém, atacou Lula. O líder do bloco, senador Rogério Marinho (PL-RN), disse que o presidente revelou ter como motivação no cargo “se vingar de pessoas”.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) acusou o governo de disseminar ódio e ser leniente com o crime organizado. “Política não se resolve com tiro e facada. O que a gente sente na prática é que nos acusam de termos um perfil, mas na verdade somos vítimas do ódio”, sustentou.
Apesar dos esforços do governo, a associação entre Lula e o plano do PCC tomou as redes sociais. A hashtag “impeachment” atingiu a marca de 34,4 mil publicações no Twitter até a tarde de ontem. Alguns parlamentares, como os deputados Luiz Philippe Bragança (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ), usaram a plataforma para pedir o impedimento do presidente.
Dos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou o plano do PCC à execução de Celso Daniel, em 2002, e ao atentado de que foi vítima em 2018. “Tudo não pode ser só coincidência. O poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda”, escreveu.