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Trabalhadores não tinham equipamento adequado de trabalho - Foto: PF
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sábado 11 de março de 2023 às 16:27h

Operação da Polícia Federal resgata 56 pessoas em condições análogas a escravidão em fazendas de arroz no RS

JUSTIÇA, NOTÍCIAS


Cinquenta e seis pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão em duas fazendas de arroz no município de Uruguaiana, no interior do Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (10). A operação foi realizada pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Polícia Federal, após receberem uma denúncia sobre jovens em trabalho irregular e sem carteira assinada.

Entre os 56 trabalhadores resgatados, 10 eram adolescentes entre 14 e 17 anos. Eles eram da própria região, oriundos de Itaqui, São Borja, Alegrete e da própria Uruguaiana. O grupo foi recrutado por um “gato” – um agenciador de mão de obra que atuava na fronteira oeste do estado.

De acordo com a pasta, os jovens foram localizados fazendo o corte manual do arroz vermelho com instrumentos inapropriados e a aplicação de agrotóxicos, sem equipamentos de proteção. Muitos, por exemplo, usavam apenas uma faca doméstica de serrinha.

Além disso, os trabalhadores muitas vezes precisavam andar 50 minutos em pleno sol até chegar ao local de trabalho. As vítimas relataram que recebiam cem reais por dia, mas a comida e as ferramentas de trabalho não eram fornecidas. Nessas condições, a comida costumava estragar, e eles não comiam nada o dia inteiro. Se alguém adoecesse, tinha a remuneração descontada.

Segundo os relatos dos resgatados à polícia e aos ministérios, um dos adolescentes chegou a sofrer um acidente com um facão e ficou sem movimentos de dois dedos do pé.

O responsável pelo agenciamento ilícito foi preso em flagrante por redução à condição análoga a de escravo, conduzido à Polícia Federal e será encaminhado ao sistema penitenciário. Enquanto, os trabalhadores vão receber de imediato três parcelas de seguro-desemprego. Os empregadores também serão notificados para assinar a carteira de trabalho dos resgatados e pagar as devidas verbas rescisórias.

O MPT ainda informou que vai pleitear pagamentos de indenizações por danos morais individuais e coletivos às vítimas que foram encaminhadas de volta a suas casas.

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