Projeto lançado nesta semana utiliza Pagamentos por Serviços Ambientais para preservar o que resta da mata atlântica e melhorar a vida de agricultores familiares; o objetivo é aplicar as melhores práticas agroflorestais, cuidando da fertilidade do solo e aumentando a resiliência às mudanças climáticas.
A transição agroflorestal vai ganhar um novo impulso nas áreas de produção de cacau do sul da Bahia, no Brasil.
Lançado na terça-feira (9), o projeto CompensAÇÃO, irá utilizar Pagamentos por Serviços Ambientais, PSA, para garantir que a cadeia produtiva do cacau esteja livre de desmatamento.
Pequenos agricultores, quilombolas e assentados
A iniciativa é do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da ONU, Fida, e da Organização para a Conservação da Terra, OCT, com apoio financeiro da Alemanha.
O projeto também pretende melhorar a vida de famílias rurais, reduzindo a vulnerabilidade e aumentando a resiliência às mudanças climáticas.
Espera-se a participação de 1,6 mil famílias, 50% delas de pequenos agricultores familiares. Além disso, pelo menos 20% serão quilombolas e 30%, assentados da reforma agrária. Do total de beneficiários, metade serão mulheres e 15% jovens.
O pagamento aos produtores por serviços ecossistêmicos assumirá a forma de materiais para reflorestamento e compensação em dinheiro.
Esse processo visa aumentar a resiliência e os benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, mitigar a degradação florestal e o desmatamento na região cacaueira do sul da Bahia.
Segundo o Fida, isso implica integrar as melhores práticas agroflorestais nas atividades agrícolas e enriquecer a diversidade de espécies florestais nas áreas de cultivo existentes.
A região produtora de cacau do sul da Bahia pertence à mata atlântica, uma das áreas mais ameaçadas pelo desmatamento no mundo. Quase 88% da cobertura florestal original foi perdida e 24% das espécies nativas de animais e plantas estão em risco.
Incentivo para a conservação
O diretor nacional do Fida para o Brasil, Claus Reiner, ressaltou que o CompensAÇÃO cobrirá o desenvolvimento e a implementação do sistema PSA, entrelaçando princípios ecológicos que conservam a fertilidade do solo e restauram diversos serviços ecossistêmicos.
Segundo ele, as atividades serão ampliadas para apoiar políticas municipais e regionais de PSA, “fortalecendo os acordos institucionais por meio de processos participativos de governança”.
A responsável pelos projetos do Fida no Brasil, Cintia Guzmán, adicionou que a geração de renda sustentável “reforça o incentivo das famílias para continuarem realizando essas atividades e conservando os recursos naturais”.
O CompensAÇÃO será fruto de um investimento conjunto de US$ 4,9 milhões do Fida e da Alemanha.