Vários iranianos condenados à morte por participação em protestos na República Islâmica podem ser executados em breve, apesar da indignação internacional provocada pela primeira execução alguns dias atrás, alertaram neste domingo (11) grupos de direitos humanos.
Uma onda de protestos abala o Irã desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda-iraniana de 22 anos que faleceu após ser detida pela polícia de moralidade por não usar o véu islâmico de forma adequada.
Pelo menos 458 pessoas morreram na repressão às manifestações, segundo o último balanço da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, e pelo menos 14 mil foram presas, de acordo com a ONU.
Mohsen Shekari, um homem de 23 anos considerado culpado de ferir um paramilitar, foi executado na quinta-feira passada, após um julgamento que vários grupos de direitos humanos chamaram de “farsa”.
Outras dez pessoas foram condenadas à morte por participação nas manifestações, que as autoridades qualificam como “motins”, informou a Justiça iraniana.
Segundo a Anistia Internacional, o Irã se “prepara agora para executar” Mahan Sadrat, de 22 anos, após um julgamento rápido e “injusto” durante o qual foi declarado culpado de ter sacado uma faca durante os protestos.
Reação “mais forte”
De acordo com o IHR, esta sentença foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, o que significa que pode ser executada a qualquer momento.
“Como os outros condenados à morte, ele não teve acesso a seu advogado” durante o processo, denunciou.
A Anistia Internacional também alertou que a vida de outro jovem, Sahand Nurmohammadzadeh, está em perigo após ser sentenciado à morte em 6 de novembro por “derrubar grades de proteção e queimar lixo e pneus”.
A Anistia e o IHR também citaram o caso de Hamid Gharehasanlu, um médico no corredor da morte que teria sido torturado e cuja esposa foi forçada a testemunhar contra ele.
Para Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor do IHR, a resposta internacional deve ser “mais forte do que nunca” para evitar essas execuções.
Vários países ocidentais, assim como a União Europeia e a ONU, condenaram a execução de Mohsen Shekari. O Canadá e o Reino Unido impuseram sanções a altos funcionários iranianos.
Mas ativistas de direitos humanos e ONGs querem que os governos tenham uma resposta mais firme, como rompimento das relações diplomáticas ou expulsão de enviados especiais.
O Irã é um dos países que mais condena à morte, atrás apenas da China, segundo a Anistia Internacional. Mais de 500 pessoas foram executadas em 2022, de acordo com o IHR.
No início do mês, o Conselho Supremo de Segurança Nacional afirmou que “mais de 200 pessoas”, incluindo civis e agentes de segurança, morreram no Irã desde 16 de setembro. Um general da Guarda Revolucionária reportou mais de 300 mortes.