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Vinhedos perto de Saint-Emilion, no sudoeste da França. AP - Bertrand Combaldieu
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sexta-feira 12 de agosto de 2022 às 10:49h

Onda de calor e seca antecipam em três semanas colheitas em vinhedos da França

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A colheita de 2022 nos vinhedos franceses, que já começou nas regiões de Hérault (sul) e Haute-Corse (norte da Córsega), será conforme a RFI uma colheita precoce, marcada por uma seca histórica que pode minar o potencial de uma safra promissora de vinhos.

Em muitas áreas vitícolas do país, as altas temperaturas estão acelerando a maturação das uvas e forçando a antecipação da colheita de uma a três semanas, sendo que alguns viticultores do Languedoc-Roussillon começaram a colheita ainda no final de julho.

François Capdellayre, presidente da cooperativa Dom Brial em Baixas (Pirineus Orientais), teve que convocar correndo os agricultores no dia 3 de agosto. “Ficamos todos um pouco surpresos, a maturação evoluiu muito rapidamente nos últimos dias”, admite o viticultor, que começou a colheita com o Moscatel, seguido pelo Chardonnay e o Grenache branco.

“Em mais de 30 anos, nunca comecei uma colheita em 9 de agosto”, diz Jérôme Despey, viticultor da região de Hérault e secretário geral do sindicato agrícola da FNSEA (sigla em francês para Federação Nacional dos Sindicatos dos Exploradores Agrícolas). A onda de calor também acentuou os efeitos da excepcional seca atual: mesmo que seja resistente e capaz de extrair água com suas raízes profundas, a videira sofre mesmo em regiões como o Centro ou o Val-de-Loire.

Quando falta água, a planta seca, ficando bloqueada: o “estress hídrico” faz com que a videira perca suas folhas e deixe de alimentar seus cachos e bagas, que diminuem de tamanho.

Quando a temperatura excede 38°C, as uvas “queimam, ficam secas, perdem volume e qualidade; o calor faz com que o nível de álcool suba a um nível “muito alto para os consumidores”, explica Pierre Champetier, presidente do IGP de Ardèche.

Este viticultor já começou a colheita na segunda-feira (8), enquanto que “há 40 anos, costumávamos fazer a colheita por volta de 20 de setembro”, admite, lamentando que o aquecimento global tenha tornado esta precocidade “normal”.

Uma safra que seria de qualidade

As datas ainda não foram fixadas em todos os lugares, e algumas uvas, como as dos vinhos tintos do Hérault, devem ser colhidas como de costume no início de setembro. A situação pode mudar de um dia para o outro dependendo das chuvas, mantendo viva a esperança de uma boa colheita.

Na Borgonha, o recorde de adiantamento estabelecido em 16 de agosto de 2020 – que bateu o recorde estabelecido em 1556 – não deve ser ultrapassado na região de Beaune. As primeiras vinícolas, as de Saône-et-Loire, planejam começar a colher por volta de 25 de agosto.

No Vale do Ródano, a onda de calor “levou a um avanço na maturidade de mais de 20 dias em relação ao ano passado”, informa o sindicato de agricultores de Inter-Rhône, que no entanto garante que a qualidade do vinho está garantida.

O Comitê de Champanhe (CIVC) está igualmente esperançoso, planejando iniciar a colheita nos últimos dez dias de agosto e expressando confiança na qualidade da safra, já que as perdas devidas à geada e ao granizo afetaram apenas 9% do potencial de colheita.

A primeira poda para o Crémant de Bordeaux será realizada no dia 17 de agosto. Esta produção, quase secreta em Bordeaux, que representa 1% da produção de vinho, tradicionalmente abre a temporada de colheitas na região.

No final do mês, serão “os brancos secos, os brancos doces e finalmente os tintos”, diz Christophe Château, do Conselho do Comércio do Vinho de Bordeaux (CIVB), com uma data que deve ser fixada “na próxima semana”.

Na Alsácia, onde não chove “uma gota há dois meses”, “teremos uma colheita muito, muito pequena”, lamenta Gilles Ehrhart, presidente da Associação dos Viticultores da Alsácia (AVA), que planeja dar início à colheita por volta de 26 de agosto.

Esperando a tempestade

Em 1º de agosto, o serviço de estatística do Ministério da Agricultura, o Agreste, estimou a produção de 2022 entre 42,6 e 45,6 milhões de hectolitros – 13% a 21% a mais em comparação com a baixa safra de 2021, marcada por uma geada de primavera desastrosa. Esta avaliação inicial, próxima à média de cinco anos, permanece “para ser contemporizada” com a seca, adverte o Agreste.

Ano após ano, os viticultores sofrem os efeitos da mudança climática: o granizo de junho destruiu 15% dos vinhedos da região de Charentes, de acordo com o Agreste, e a geada causou perdas de até “40%” em algumas parcelas da Alsácia.

Graças à irrigação, que foi desenvolvida em cerca de 10% das áreas vitícolas da França, alguns vinhedos, como Costières de Nîmes, felizmente “não sofreram nenhum choque hídrico”, afirma Aurélie Pujol, diretora da AOC.

Há algum alívio na colheita na Alsácia: as uvas devem ser “muito saudáveis, sem podridão”, informa a associação dos viticultores. O oposto do ano passado, quando a chuva e o míldio estragaram a estação, lembra Pascal Doquet, presidente da associação do champanhe orgânico.

Para as variedades de uvas posteriores (Grenache, Cabernet), ainda há esperança de que a chuva faça as uvas crescerem. Esperam-se trovoadas neste fim de semana em toda a França, mas isto certamente não será “suficiente” para preservar a “bela safra”, teme a CIVB.

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