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Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da OMS, estava no aeroporto de Sanaa - Foto: Epa
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terça-feira 21 de janeiro de 2025 às 09:43h

OMS lamenta decisão de Donald Trump, que tirou os EUA da organização

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou a decisão do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar o país da autoridade sanitária e disse esperar que o mandatário “reconsidere” a medida “para o benefício da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo”.

A retirada dos EUA fez parte de um dos primeiros decretos assinados pelo republicano após tomar posse nesta segunda-feira. O país era o principal doador da organização no mundo, responsável por 14,53% de todo o seu financiamento, segundo dados da OMS.

“A Organização Mundial da Saúde lamenta o anúncio de que os Estados Unidos da América pretendem se retirar da Organização. A OMS desempenha um papel fundamental na proteção da saúde e da segurança da população mundial, inclusive dos estadunidenses, ao abordar as causas básicas das doenças, construir sistemas de saúde mais fortes e detectar, prevenir e responder a emergências de saúde, inclusive surtos de doenças, muitas vezes em locais perigosos onde outras pessoas não podem ir”, diz a autoridade em nota.

A organização cita ainda que os EUA foram um dos membros fundadores da OMS, em 1948, e que teve um papel significativo para feitos históricos, como a erradicação da varíola e a eliminação da poliomielite na maior parte do planeta. “As instituições americanas contribuíram e se beneficiaram com a participação na OMS”, afirma.

“Esperamos que os Estados Unidos reconsiderem e aguardamos ansiosamente o engajamento em um diálogo construtivo para manter a parceria entre os EUA e a OMS, em benefício da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo”, finaliza.

O texto assinado por Trump diz que a saída dos EUA ocorre “devido à má administração da organização em relação à pandemia de Covid-19 que surgiu em Wuhan, na China, e outras crises globais de saúde; sua incapacidade de adotar reformas urgentemente necessárias e sua incapacidade de demonstrar independência em relação à influência política inadequada dos Estados membros da OMS”.

A ordem executiva alega ainda que a organização “exige pagamentos injustamente onerosos dos EUA, muito desproporcionais aos pagamentos avaliados de outros países”, citando a China como exemplo. O decreto determina a suspensão da transferência de quaisquer fundos, apoio ou recursos do governo estadunidense à OMS.

Além disso, impõe que funcionários ou contratados do governo dos EUA que estejam trabalhando em funções na OMS sejam chamados de volta e que “parceiros confiáveis e transparentes” sejam identificados para “assumir as atividades necessárias anteriormente realizadas” pela organização.

Essa não é a primeira vez que Trump retira os EUA da OMS. Em 2020, o mandatário fez o mesmo após questionar a resposta da autoridade à crise sanitária da Covid-19, com críticas a uma suposta influência chinesa sobre a organização. Logo no ano seguinte, porém, o então presidente estadunidense, Joe Biden, restaurou os laços.

Lawrence Gostin, diretor do Instituto O’Neill para Direito Nacional e Global da Saúde da Universidade de Georgetown, o único Centro Colaborador da OMS em Saúde Global, classificou a nova medida por Trump como “catastrófica”.

“É uma decisão presidencial cataclísmica. A retirada é uma ferida grave para a saúde mundial, mas uma ferida ainda mais profunda para os EUA”, escreveu o especialista numa série de publicações no X. “A saída de Trump da OMS significa que os EUA estarão de fora olhando para dentro quando todas as decisões importantes forem tomadas, como o Tratado da Pandemia e o novo diretor-geral em 2027”.

Os EUA são o principal doador da OMS no mundo. Segundo números da organização, o país responde por 14,53% de todo o seu financiamento e contribuiu com 1,284 bilhão de dólares durante o biênio 2022-2023. Em segundo lugar, por exemplo, está a Alemanha, que doou 856 milhões de dólares.

“Se Trump fosse inteligente, ele trabalharia para tornar a OMS mais forte, não mais fraca. A OMS precisa de financiamento (…) Além da retirada da OMS, Trump provavelmente reduzirá o financiamento da saúde global. Isso significa para o HIV, a saúde sexual, a erradicação da pólio e as emergências de saúde. Trump pode estar plantando as sementes para a próxima pandemia”, continua.

Em entrevista recente ao jornal O Globo, Gostin já havia dito que as nomeações de Trump para os cargos altos de saúde nos EUA indicam que o segundo mandato do republicano “será muito mais destrutivo para a saúde pública nos EUA e em todo o mundo”. O especialista teceu críticas principalmente à escolha de Robert F. Kennedy Jr., conhecido antivacina, para liderar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país (HHS, da sigla em inglês), o equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil.

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