domingo 22 de dezembro de 2024
Proponente da sessão, o deputado Zé Raimundo Fontes (PT) elogiou a trajetória do físico e professor Foto: Neusa Costa Menezes/Agência ALBA
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sexta-feira 15 de março de 2024 às 06:54h

Olival Freire é o mais novo comendador da Bahia

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Em uma concorrida sessão, na manhã desta última quinta-feira (14), a Assembleia Legislativa da Bahia entregou a Comenda 2 de Julho ao físico, professor, doutor e pesquisador na área de história das Ciências, o baiano de Jequié, Olival Freire Júnior. Ao ato, proposto pelo deputado Zé Raimundo Fontes (PT), compareceram representantes e militantes de movimentos estudantis e políticos, acadêmicos, pesquisadores, educadores e gestores baianos.

Além do proponente do evento, compuseram a mesa a presidente da Comissão de Educação, Serviços Públicos e Tecnologia da ALBA, deputada Olívia Santana (PC do B);o secretário de Trabalho Emprego Renda e Esporte, Davidson Magalhães, representando o governador Jerônimo Rodrigues; o reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Cesar Miguez de Oliveira; a reitora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Georgina dos Santos; o superintendente de Educação Profissional e Tecnológica, da Secretaria Estadual de Educação (SEC), Ezequiel Westphal; o vice-reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Marcos Fernandes; o pró-reitor de pós-graduação e pesquisa do Centro Universitário Cimatec e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jailson Andrade; a superintendente do Ministério Regional do Trabalho, Fátima Freire, irmã do homenageado; o presidente da Academia de Ciências da Bahia e pesquisador da Fiocruz, Manoel Barral Neto; a professora da Universidade Estadual do Sudoeste Campos de Jequié, Ana Angélica Leal Barbosa; e o diretor do Instituto de Física da Bahia, Ricardo Miranda.

Também marcaram presença os deputados estaduais Neusa Cadore (PT) e Marcelino Galo (PT) e a deputada federal Lídice da Mata (PSB). A pedido do deputado, Fátima Freire, Olívia e Ana Angélica conduziram o homenageado até o recinto, sob a música do grupo Anarkas, formado por Osíris, BL e Ruiva.

Contribuição

Em sua fala, Zé Raimundo Fontes, que é também é vice-presidente da ALBA, manifestou orgulho e alegria por propor o título ao professor, doutor e pesquisador Olival Freire, motivada, segundo ele, pelo reconhecimento a sua contribuição no campo acadêmico e científico “e à dimensão sociopolítica de sua trajetória individual que se insere em contextos e conjunturas muito mais abrangentes da sociedade baiana e brasileira”.

O parlamentar elogiou a trajetória do profissional de Olival na Ciência e na academia, e o seu engajamento em movimentos sociais e políticos, “com o objetivo compreender e transformar a realidade socioeconômica e cultural do país”. Também lembrou o papel decisivo que o homenageado teve na reorganização e mobilização estudantil, tendo sido o primeiro presidente do Diretório Central Estudantil (DCE) reconstruído e do Diretório Acadêmico de Física (DAF).

Sobre o novo comendador, nascido em Jequié, o deputado falou da sua passagem pelo Colégio Maristas, em Salvador, o ingresso na Ufba no curso de Engenharia, a transferência para o curso de Física, o mestrado em Ensino de Física, o doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo, os estágios de pesquisa pós-doutoral nas universidades de Paris, Harvard, MIT e Maryland e no American Institute of Physics, além do título de Senior Fellowship pelo Dibner Institute for the History of Science and Technology, MIT, nos EUA.

Também destacou cargos e funções ocupados em instituições científicas e órgãos universitários, a exemplo de presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência e da Comissão para a História da Física Moderna; Pró-reitor de Pesquisa, Criação e Inovação da Ufba (2014-2019); um dos fundadores e primeiro coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências. Como pesquisador na área da história e Teoria Quântica e da Ciência no Brasil, é autor de quatro livros, entre eles “Teoria quântica: estudos históricos e implicações culturais”, obra que foi vencedora do Prêmio Jabuti.

“Por tudo isso, a concessão da Comenda 2 de Julho a este ilustre intelectual é uma justa homenagem a alguém que já alcançou o reconhecimento em muitos centros acadêmicos em todo o Brasil e no exterior, e o fazemos na certeza de estarmos expressando o desejo de muitos dos seus ex-alunos, orientandos, camaradas, companheiros, amigos e colegas”, pontuou o legislador.

Além de Zé Raimundo, as deputadas Olívia Santana e Lídice da Mata também tiveram teceram elogios à pessoa e ao profissional, e relataram momentos de convivência com Olival, nas lutas contra a ditadura militar.

Título

Para o novo comendador, a honraria, “além dos méritos pessoais”, é uma homenagem a gerações, instituições e causas. “À geração de estudantes que ao longo da década de 1970 lutaram pela democratização da universidade e do país; à Universidade Federal da Bahia, minha alma mater, instituição à qual me vinculei desde 1972, quando ali ingressei no curso de Engenharia Elétrica; e à causa da educação, da ciência e da tecnologia”, colocou.

Em seu depoimento, ele relatou sobre a sua vida estudantil, no período mais cruel da ditadura, quando muitos estudantes e professores foram demitidos, presos, torturados e assassinados. Entre eles, os colegas Cláudio e Júlio Guedes, e o professor Roberto Argolo, presos em 1975, em decorrência de ação policial contra o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Como professor da Ufba, continuou a militância política em Salvador, quando, a partir de 1976, a luta contra a ditadura ganhou fôlego, tendo o Congresso da UNE e o da Anistia como marcos deste processo. “Acrescente-se as passeatas, o retorno dos exilados e clandestinos e liberação dos presos, e a reanimação do movimento sindical”.

Experiência

Olival destacou como muito significativo, em sua vida acadêmica, a oportunidade da experiência como gestor em educação, ciência e tecnologia, o número expressivo de formação de estudantes a mestres e doutores; a experiência que teve como Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, e a coordenação do programa de mobilidade internacional, o Capes Print, a convite de João Carlos Salles.

Sobre o período iniciado com o impeachment de Dilma Rousseff, até o governo Bolsonaro, ele considera ter sido anos muito difíceis “em que a Ufba precisou mobilizar toda a sua resiliência para sobreviver, sem soçobrar se desnaturar”.

Para o pesquisador, é necessário que essa história seja conhecida para melhor compreensão dos desafios enfrentados pelo país, hoje sob a liderança do presidente Lula, que, segundo ele, quer efetivar uma nova industrialização, reduzir as iniquidades sociais, de gênero e de raça, e que busca a sustentabilidade, energias mais limpas e preservação e estudo da biodiversidade.

“Assim como busca uma identidade, como nação que se reinventa, criticando as mazelas, como a escravidão e o genocídio dos povos indígenas, que ainda estruturam a sociedade brasileira nos dias atuais”, disse.

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