É delicado o ponto da tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o comando do Exército desde a eclosão dos atos de vândalos do último domingo (8).
O Palácio do Planalto trata do assunto com contenção e comedimento para não acirrar os ânimos, mas a avaliação reinante, inclusive no gabinete presidencial, é segundo Rodrigo Rangel, do Metrópoles, a de que o Exército não agiu a contento para evitar a tragédia de domingo — seja por ter sido condescendente com os acampamentos bolsonaristas à porta dos quartéis, seja por sua cota de responsabilidade nas falhas de segurança que permitiram aos radicais vandalizar o coração do poder da República.
Em condições normais de temperatura e pressão, providências já teriam sido adotadas para afastar oficiais, de alta patente inclusive, que na avaliação do entorno presidencial teriam sido no mínimo coniventes com os golpistas.
Prevalece, porém, o entendimento de que neste momento é preciso agir com cautela para não ampliar o estresse e escalar a crise.
Comandante do BGP protegeu bolsonaristas?
Esse é um ponto especialmente sensível — e é uma das questões que, não fosse o momento delicado, já teria resultado em corte de cabeças.
O presidente não disse com todas as letras, mas era do Exército a tarefa de proteger o palácio — mais especificamente, do Batalhão da Guarda Presidencial, o BGP.
Imagens da invasão ao Planalto publicadas pelo Metrópoles mostram um coronel da corporação, devidamente fardado, discutindo com policiais que tentavam prender os invasores.
O vídeo indica que o coronel do Exército estava agindo para proteger os radicais bolsonaristas.
O coronel em questão é ninguém menos que o comandante do Batalhão da Guarda Presidencial, a unidade do Exército responsável pela proteção dos palácios presidenciais. Paulo Jorge Fernandes da Hora (foto em destaque) é o nome dele.
Se o que ocorreu foi mesmo o que o vídeo dá a entender, não é algo trivial. Pelo contrário, é um escândalo: em vez de atuar para deter os manifestantes, o oficial que deveria guardar o Planalto teria agido em defesa dos golpistas. Ali, o oficial era o Exército.