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Odebrecht prevê US$18 bilhões em novos projetos

segunda-feira 6 de agosto de 2018 às 19:18h

A Odebrecht Engenharia & Construção (OEC) definiu meta de conquistar uma carteira de cerca de 18 bilhões de dólares em projetos no Brasil e no exterior nos próximos dois anos, enquanto avança na preparação para listar ações em bolsa até o início de 2020, disse o presidente da companhia, Fabio Januário.

“Nossa meta é ganhar uma cada quatro concorrências de que participarmos”, disse Januário em entrevista à Reuters.

A declaração vem à medida que a maior empreiteira do país tenta se reerguer pouco após sua dona, a Odebrecht SA, ter acertado um empréstimo bilionário de bancos locais e selado um acordo de leniência com o governo federal, na esteira da Lava Jato, que investiga o maior escândalo de corrupção da história do país.

O plano da OEC também avalia atrair um sócio estrangeiro estratégico como forma de diminuir a dependência do setor de óleo e gás, disse o executivo. “Estamos abertos a ter sócios, mas tem que ser alguém que nos agregue algo”, disse.

A crise deflagrada pela queda das commodities em vários mercados em que a empresa opera e pelos desdobramentos da Lava Jato fizeram a carteira de projetos da OEC despencar mais da metade desde o fim de 2014, para 14 bilhões de dólares. A empresa também reduziu seu quadro de pessoal de 100 mil para 35 mil funcionarios atualmente.

Segundo Januário, a recuperação dos preços das commodities e o aumento da capacidade de investimento no Brasil, num cenário de aprovação de reformas como a da previdência no começo de 2019, podem criar um cenário mais promissor para retomada de obras, principalmente do governo federal.

Enquanto isso, a empresa tem avançado para reabrir portas ainda fechadas após escândalos de corrupção no Brasil e no exterior.

Após ter assinado acordo com a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral em julho para ressarcir a União por desvios de recursos, a OEC pretende concluir acordos similares em todos os demais mercados onde atua até o final do ano, que a permita concentrar todos os esforços na recomposição da carteira de projetos.

Uma primeira consequência desse movimento foi a suspensão do bloqueio para prestação de serviços à Petrobras, no mês passado, o que deve ser oficializado nas próximas semanas.

Além do Brasil, a OEC já fez acordos com Equador, Panamá, Guatemala e República Dominicana e Estados Unidos. As operaçõesda OEC também incluem Venezuela, Angola, Colômbia, México, Argentina, Peru, Portugal e Moçambique.

A empresa acabou de assinar um acordo com o equivalente ao ministério público (Fiscalia) do Peru, um de seus principais mercados fora do Brasil, para um acordo final em até 45 dias.

“Vamos resolver os problemas respeitando o calendário processual de cada país”, disse Januário. “Mas não vamos sair de nenhum mercado onde estamos.”

Na verdade, o plano da OEC contempla até ampliar seus mercados internacionais. Um novo destino mais imediato pode ser a Tanzânia, no oeste da África, que define em outubro o vencedor para a construção de uma hidrelétrica, num contrato avaliado em cerca de 3 bilhões de dólares.

Mudanças


Há 25 anos no grupo, Januário foi nomeado para presidir a OEC no fim de 2016, no momento em que o conglomerado enfrentava um dos piores momentos de sua história de 73 anos.

Desde então, o executivo vem liderando os esforços para tentar desassociar o nome da empreiteira dos escândalos de corrupção revelados pela Lava Jato.

Como parte do processo de limpeza da imagem, a OEC se obrigou a abrir mão de concorrências públicas nas quais identificasse vícios.

Segundo o presidente da empreiteira no Brasil, José Eduardo Quintella, no último ano, a companhia fez mais impugnações de concorrências públicas do que venceu licitações.

Uma das mais recentes foi o pedido de suspensão feito pela própria OEC da licitação do governo do Ceará para a expansão do metrô de Fortaleza, uma obra estimada em 1,7 bilhão de reais.

Enquanto se adapta a padrões de conformidade e governança, a companhia está na fase final de montagem de um conselho de administração com quatro membros independentes de um total de sete, incluindo o ex-presidente da Eletropaulo, Britaldo Soares, e Ana Novaes, ex-diretora da CVM.

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