O próximo governo argentino deve pensar na “eficácia do gasto social e em outras reformas” para impulsionar o crescimento econômico, recomendou a OCDE nesta última quarta-feira (29), a menos de duas semanas da posse do ultraliberal Javier Milei na Presidência.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) publicou um novo relatório sobre suas perspectivas econômicas mundiais, no qual revisou levemente para baixo o crescimento global para 2,9% do PIB em 2023 e manteve em 2,7% o de 2024.
No caso da Argentina, a organização internacional com sede em Paris, à qual Buenos Aires pediu adesão, estima que a economia do país sul-americano encolherá 1,8% em 2023 e 1,3% em 2024, antes de voltar a crescer 1,9% em 2025.
A inflação, por sua vez, passará de 124% este ano para 157,1% em 2024, antes de cair para 62,4% no ano seguinte, segundo o relatório.
“A economia argentina enfrenta desafios extremos neste momento”, assegurou, durante coletiva de imprensa, a economista-chefe da OCDE, Clare Lombardelli, em alusão à inflação e aos índices de pobreza “elevados”.
Perguntada sobre os planos de Milei para a economia, entre eles a dolarização, Lombardelli assegurou que a “prioridade” do novo governo deve ser “reduzir a inflação e aumentar a estabilidade macroeconômica”.
“Esperamos que se concentrem na estabilidade macroeconômica, na consolidação fiscal para reequilibrar a economia e que pensem na eficácia do gasto social e outras reformas que possam fazer para aumentar o crescimento”, acrescentou.
O informe destacou que “aumentar a proteção social mediante um gasto social mais eficaz poderia contribuir para reduzir a pobreza e as desigualdades”.
Mas advertiu, por sua vez, que a “necessidade de reduzir o gasto público com relativa rapidez em meio às crescentes pressões sociais poderia provocar instabilidade política”.
A OCDE também defendeu uma maior participação das mulheres no mundo do trabalho para reduzir a pobreza e promover a expansão econômica.